Consumo de adoçantes no Brasil é seguro, garante especialista
Primeira opção para quem quer evitar o consumo de açúcar, o adoçante costuma ser envolvido em polêmicas com frequência, mas a engenheira de alimentos Maria Cecilia Toledo, uma das maiores especialistas brasileiras na área, garante que o consumo no Brasil é seguro.
"As principais fontes de adoçantes na dieta dos brasileiros são as bebidas de baixa caloria, como refrigerantes, sucos e néctares, além dos adoçantes de mesa", afirmou a pesquisadora da Universidade de Campinas (Unicamp).
Segundo a especialista, as pesquisas de exposição aos adoçantes indicam que seu consumo diário é inferior a valores considerados como aceitáveis pelo Comitê Científico Internacional de Especialistas em Aditivos Alimentares (JECFA), administrado pela Organização para Alimentação e Agricultura (FAO) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Esse comitê estabelece para os aditivos alimentares a chamada Ingestão Diária Aceitável (IDA), expressa em mg/kg de peso corpóreo, que representa a quantidade do aditivo possível de ser consumida diariamente, por toda vida, sem dano à saúde humana.
"Como a IDA incorpora uma grande margem de segurança, é muito difícil que uma pessoa ultrapasse as quantidades estabelecidas, mesmo que consuma frequentemente produtos com adoçantes", disse à Agência Efe Maria Cecilia, que orienta estudos sobre o tema há 25 anos.
A especialista explicou que as recomendações sobre consumo máximo por dia são feitas para todos os aditivos utilizados em alimentos, e não só para os adoçantes, e se aplicam a toda população, inclusive crianças com mais de três meses de idade e gestantes, com exceção de pessoas com fenilcetonúria (doença rara caracterizada pela intolerância ao aminoácido fenilalanina, presente no aspartame e em outros alimentos).
Segundo Maria Cecilia, a quantidade de adoçantes consumida pelo consumidor médio brasileiro é baixa inclusive entre as pessoas que fazem dietas e tomam todas suas bebidas com adoçantes.
"A ciência está tranquila sobre o consumo de adoçantes no Brasil", acrescentou.
"Antes de aprovar seu uso em produtos industrializados, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige a comprovação de sua segurança nas condições de uso propostas, usando como referências as recomendações de comitês internacionais de especialistas, que periodicamente avaliam esses aditivos".
De acordo com Maria Cecilia, a ausência de efeitos adversos em estudos de acompanhamento de diabéticos, que precisam dos adoçantes por não poder consumir açúcar, é a principal prova da segurança do produto.
"Não há registro na literatura médica de casos de diabéticos com suspeita de ter desenvolvido alguma doença consequente do consumo contínuo de adoçantes. Os diabéticos nos permitem ter avaliações em humanos sobre os efeitos do consumo prolongado dos adoçantes e até agora não surgiu nada preocupante", afirma Maria Cecilia.
Segundo a especialista, para compensar as limitações individuais de cada adoçante, já que alguns são mais amargos e outros deixam sabores residuais, a indústria de alimentos adotou a estratégia de usar vários adoçantes em um mesmo produto, o que diminui o conteúdo de cada um deles, além de melhorar o sabor.
Quanto a um possível potencial cancerígeno dos adoçantes, a especialista assegura que existe consenso científico no mundo de que os adoçantes não causam ou aumentam o risco de câncer em humanos.
"Há inúmeros estudos realizados com animais de laboratório, ensaios clínicos, estudos de exposição e epidemiológicos que comprovam a segurança dos adoçantes. Não há nenhuma evidência de dano e nenhum governo seria tão omisso para autorizar o consumo de um produto nocivo", declarou.
Para Maria Cecilia, "essas informações não têm nenhuma evidência nem fundamento, e dão muito trabalho para a comunidade científica, que tem que refutar estudos mal feitos e que desinformam a população".
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