Estudo da USP mostra alto uso da pílula do dia seguinte entre jovens
Um estudo realizado pela USP (Universidade de São Paulo) com 800 jovens mostrou que quase 60% delas já usaram a pílula do dia seguinte pelo menos uma vez na vida. O porcentual surpreendeu pesquisadores.
"Estudos anteriores em regiões metropolitanas indicavam taxas menores, em torno de 50%", afirma Ana Luiza Borges, professora da Escola de Enfermagem e coordenadora do trabalho apresentado na Conferência Internacional de Planejamento Familiar, na semana passada, na Etiópia.
Feito em Arujá em 2011, o trabalho entrevistou alunos entre 15 e 19 anos e seus resultados podem, segundo os pesquisadores, ser estendidos à região metropolitana de São Paulo. Do total, 307 jovens disseram ter vida sexual ativa. Entre os alunos de escolas públicas, 57,9% disseram ter usado a pílula e 57% dos estudantes das particulares também já recorreram ao método.
Farmácias
A maioria das jovens comprou o produto nas farmácias: 74,6%. Apenas 6,8% obtiveram os contraceptivos em posto de saúde. A pílula é acessível e custa em torno de R$ 12. Para a professora, o comportamento tem um lado positivo: "Jovens conseguem tomar medidas para evitar gravidez indesejada", diz. No entanto, a baixa procura por profissionais de saúde representa a perda de oportunidade de se repassar informações aos jovens.
Ela destaca, por outro lado, que não é a maioria dos jovens que usa a pílula por diversas vezes. "O receio de que a pílula de emergência fosse usada indiscriminadamente não foi confirmado", diz. Do total, 18,5% das jovens recorreram ao método mais de três vezes em um ano.
A professora observa que a maior parte (31,6%) recorre à contracepção de emergência por insegurança, por medo de não ter usado de forma adequada o contraceptivo. Mas um dado é preocupante: 19,8% não quiseram usar nenhum método para impedir a gravidez.
"O aconselhamento é importante para todos os grupos", enfatiza a pesquisadora. Remédio de emergência, a pílula do dia seguinte deve ser usada no máximo até 72 horas depois da relação sexual. O acesso ao medicamento no SUS (Sistema Único de Saúde) foi facilitado em abril deste ano.
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