Orientação para quem aborta ainda é pouco seguida
A recomendação de se orientar mulheres hospitalizadas por aborto a adotar, depois da alta, métodos contraceptivos é pouco seguida, revela estudo da USP (Universidade de São Paulo). O trabalho apresentado pela professora Ana Luiza Borges no Congresso de Planejamento Familiar, na Etiópia, indica que somente 13% delas saíram do hospital com algum método prescrito.
O estudo foi realizado com 180 mulheres, em maio e dezembro de 2011. O trabalho mostrou ainda que, depois do primeiro mês de alta, só 50% das mulheres tinham usado algum método anticoncepcional. A partir do segundo mês, o porcentual passou para 80%. O grupo, no entanto, passou a usar contraceptivos por decisão própria, sem nenhuma orientação médica.
“As mulheres que sofreram aborto não recebem informação sobre a importância e a necessidade de se evitar a gravidez durante os primeiros seis meses após o aborto”, alerta Ana Luiza. A dificuldade, observa, acontece sobretudo se elas têm intenção de engravidar novamente. “Uma gravidez nos primeiros seis meses traz riscos para o bebê, como o baixo peso e a prematuridade.”
Recomendação
O trabalho mostrou também que as mulheres optam por métodos como pílula e camisinha, que não exigem receituário ou médico para administrá-lo. Opções como o dispositivo intrauterino (DIU) e os implantes hormonais, que precisam ser inseridos pelo médico, mas são igualmente eficazes, ficam em segundo plano.
De acordo com o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Miranda, o dado é um alerta importante. “Essa recomendação tem de ser feita”, disse.
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