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Africano teme preconceito na volta para o Paraná

Clarissa Thomé

No Rio

14/10/2014 15h53

O africano Souleymane Bah, 47, primeiro paciente internado com suspeita de ebola no Brasil, teme a volta para Cascavel, no Paraná, por causa das manifestações racistas e xenófobas publicadas em redes sociais.

"Ele ficou sabendo que foi identificado pela imprensa e tem receio de sofrer discriminação quando retornar", afirmou o infectologista José Cerbino, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que tratou o paciente desde a sua internação no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI).

Souleymane soube que a contraprova confirmou o exame negativo para ebola às 16h30 de segunda-feira (13), quando os médicos entraram no seu quarto já sem as roupas de proteção. Ele já está em um quarto comum e caminha pelo hospital normalmente.

Na manhã desta terça-feira (14), o guineano fez novos exames de sangue e passou por tomografia para tentar identificar a causa de sua febre inicial.

A pedido do paciente, os médicos não vão divulgar informações sobre a doença, que está sendo investigada. Ele já fez testes rápidos para dengue, malária e aids. Todos deram negativo.

Souleymane deve deixar o instituto assim que for resolvida a questão do transporte. Ele não quer ser filmado nem fotografado, e pediu discrição aos médicos.

A equipe que tratou o africano avaliou que os procedimentos de segurança foram corretos e correram conforme o planejado, sem risco de uma possível contaminação caso ele estivesse com ebola. Os profissionais continuarão em treinamento.

O vice-presidente da Fiocruz, Valcler Rangel, ressaltou que em nenhum momento houve risco para funcionários e frequentadores do câmpus de Manguinhos, na zona norte do Rio de Janeiro.

Desde a semana passada estão ocorrendo eventos na Fiocruz e no Museu da Vida, que fica dentro do câmpus. Pais e escolas procuraram a instituição preocupados com o suposto caso de ebola. "Mesmo se houvesse caso de ebola, não haveria nenhum risco de contaminação", afirmou Rangel.

Mortalidade do ebola é de 70% dos casos, segundo ONU