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Mãe relata que descobriu microcefalia só quando filho nasceu

29/02/2016 14h14

Itabaiana - Ana Paula da Silva já havia sofrido três abortos quando, finalmente, conseguiu realizar seu sonho e levar uma gestação a termo, em outubro de 2015. A mãe brinca que o bebê nasceu "passadinho", com 42 semanas, 49 centímetros e quase 3 quilos. Seu perímetro cefálico, porém, era de apenas 30 centímetros - dois abaixo do normal. Diagnóstico: microcefalia.

"A primeira pergunta que fiz foi se ia ter sequelas", conta a moradora de Itabaiana, no interior de Sergipe. O médico respondeu que era cedo demais para dizer. "Minha expectativa é que meu filho ande, fale e seja muito feliz ao meu lado."

Ela conta que pegou uma virose no quarto mês de gestação, com manchas vermelhas que coçavam muito e uma febre leve. O médico receitou uma pomada e o problema sumiu. Os exames pré-natais não apontaram nada de errado com o feto. "Só vi quando nasceu. A enfermeira disse que tinha um probleminha na cabeça dele, que era pequena." Dos nove casos registrados no município, só um foi detectado antes do parto.

Dúvidas

A coordenadora da Vigilância Epidemiológica do município, Iolanda Ribeiro Gomes, acredita que o zika esteja envolvido, mas não que ele seja o único culpado, uma vez que há mulheres com os mesmos sintomas cujos filhos nasceram normais. "A gente fica na expectativa de saber o que ocasionou realmente isso."

"São muitas incógnitas de todos os lados", diz o biólogo Lucas Alvizi, do Centro de Estudos do Genoma Humano da USP, que participou da força-tarefa em Sergipe, fazendo entrevistas e coletando amostras de sangue e saliva. O material será analisado para determinar a presença do zika (ou outro vírus) e investigar se há algum fator genético que favoreça ou bloqueie o desenvolvimento da microcefalia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Herton Escobar, enviado especial