EUA: homem com zika deve adiar filho
São Paulo - O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos emitiu ontem orientações recomendando que homens e mulheres expostos ao zika esperem antes de ter filhos. O vírus tem sido associado a um pico de microcefalia - uma má-formação rara de nascença - no Brasil.
Mulheres diagnosticadas com zika devem esperar pelo menos oito semanas após o início dos sintomas antes de tentar engravidar, segundo o CDC. Já os homens com o diagnóstico de zika devem esperar pelo menos seis meses.
Tanto homens quanto mulheres que foram possivelmente expostos ao vírus devem esperar pelo menos oito semanas antes de tentar a concepção, apontam as diretrizes.
De acordo com o CDC, as recomendações foram baseadas em dados limitados sobre a persistência do zika no sangue e no sêmen.
As recomendações, no entanto, são orientadas para o contexto americano, onde não há epidemia de zika, de acordo com João Renato Rebello Pinho, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e do Hospital Israelita Albert Einstein.
"Acho complicado nos basearmos em uma recomendação específica para os Estados Unidos. Lá ainda não há uma epidemia como a que existe aqui", disse Pinho.
Segundo ele, porém, as recomendações podem ser úteis como uma margem de segurança para o caso das pessoas que foram diagnosticadas com zika. Já a recomendação para as pessoas que foram "possivelmente expostas" não se aplica ao contexto brasileiro.
"Estudos que foram divulgados (na semana passada) indicam que o vírus zika já está no Brasil desde 2013 (quando foi realizada a Copa das Confederações). Ainda não sabemos há quanto tempo ele está no Sudeste, por exemplo. Então, acredito que não é possível que as pessoas sigam essas recomendações no Brasil, exceto no caso dos pacientes que foram diagnosticados com o vírus", disse Pinho.
De acordo com ele, provavelmente as diretrizes no Brasil teriam caráter diferente. "Essas recomendações podem valer nos Estados Unidos, mas não em um País onde há uma epidemia. Aqui, o ideal é que as pessoas que querem engravidar sejam orientadas pelo ginecologista ou obstetra", afirmou.
Decisão
O comunicado do CDC, de fato, enfatiza que as decisões sobre a gravidez devem ser avaliadas caso a caso. "Como os dados disponíveis atualmente são limitados, fornecer aconselhamento antes da concepção, após uma exposição ao vírus da zika, é algo desafiador. As decisões sobre o momento da gravidez são pessoais e complexas e as discussões com os pacientes devem ser individualizadas", diz o comunicado.
Ainda não foi provado que o vírus da zika causa microcefalia em bebês, mas evidências crescentes sugerem uma associação. A condição retarda o crescimento da cabeça e do cérebro do feto, levando a problemas de desenvolvimento.
O Brasil diz ter confirmado 907 casos de microcefalia e considera que a maior parte deles está relacionada a infecções causadas pelo zika nas mães. O País ainda está investigando 4.293 casos suspeitos de microcefalia.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Mulheres diagnosticadas com zika devem esperar pelo menos oito semanas após o início dos sintomas antes de tentar engravidar, segundo o CDC. Já os homens com o diagnóstico de zika devem esperar pelo menos seis meses.
Tanto homens quanto mulheres que foram possivelmente expostos ao vírus devem esperar pelo menos oito semanas antes de tentar a concepção, apontam as diretrizes.
De acordo com o CDC, as recomendações foram baseadas em dados limitados sobre a persistência do zika no sangue e no sêmen.
As recomendações, no entanto, são orientadas para o contexto americano, onde não há epidemia de zika, de acordo com João Renato Rebello Pinho, pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e do Hospital Israelita Albert Einstein.
"Acho complicado nos basearmos em uma recomendação específica para os Estados Unidos. Lá ainda não há uma epidemia como a que existe aqui", disse Pinho.
Segundo ele, porém, as recomendações podem ser úteis como uma margem de segurança para o caso das pessoas que foram diagnosticadas com zika. Já a recomendação para as pessoas que foram "possivelmente expostas" não se aplica ao contexto brasileiro.
"Estudos que foram divulgados (na semana passada) indicam que o vírus zika já está no Brasil desde 2013 (quando foi realizada a Copa das Confederações). Ainda não sabemos há quanto tempo ele está no Sudeste, por exemplo. Então, acredito que não é possível que as pessoas sigam essas recomendações no Brasil, exceto no caso dos pacientes que foram diagnosticados com o vírus", disse Pinho.
De acordo com ele, provavelmente as diretrizes no Brasil teriam caráter diferente. "Essas recomendações podem valer nos Estados Unidos, mas não em um País onde há uma epidemia. Aqui, o ideal é que as pessoas que querem engravidar sejam orientadas pelo ginecologista ou obstetra", afirmou.
Decisão
O comunicado do CDC, de fato, enfatiza que as decisões sobre a gravidez devem ser avaliadas caso a caso. "Como os dados disponíveis atualmente são limitados, fornecer aconselhamento antes da concepção, após uma exposição ao vírus da zika, é algo desafiador. As decisões sobre o momento da gravidez são pessoais e complexas e as discussões com os pacientes devem ser individualizadas", diz o comunicado.
Ainda não foi provado que o vírus da zika causa microcefalia em bebês, mas evidências crescentes sugerem uma associação. A condição retarda o crescimento da cabeça e do cérebro do feto, levando a problemas de desenvolvimento.
O Brasil diz ter confirmado 907 casos de microcefalia e considera que a maior parte deles está relacionada a infecções causadas pelo zika nas mães. O País ainda está investigando 4.293 casos suspeitos de microcefalia.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fábio de Castro
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