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Com duas mortes e 80 casos, Ipu (CE) alega surto de catapora e pede vacinas ao Ministério da Saúde

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

18/01/2012 15h58

Os moradores do município de Ipu (CE), a 324 km de Fortaleza, estão assustados com a grande quantidade de pessoas adoeceram de catapora em 2012. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, cerca de 80 pessoas foram infectadas e duas crianças morreram em decorrência de complicações da doença.

Técnicos da secretaria municipal e uma equipe de epidemiologistas da Sesa (Secretaria da Saúde do Estado do Ceará) estão catalogando, desde esta segunda-feira (16), os casos suspeitos para confirmar oficialmente os doentes. O trabalho está contabilizando registros da doença por equipes do PSF (Programa de Saúde da Família) e agentes de saúde. A previsão é que até o final da semana o trabalho seja concluído e o número exato de pessoas que manifestaram a doença seja repassado para o Ministério da Saúde.

Segundo a secretaria municipal de saúde, a prefeitura solicitou ao Ministério da Saúde que sejam enviadas doses da vacina contra catapora o mais rápido para imunizar uma parte da população que está mais vulnerável para contrair a doença.

A secretária de Saúde de Ipu, Efigênia Mororó, disse ao UOL que emergencialmente pessoas do grupo de risco – com imunidade baixa e gestantes que tiveram contato com doentes de catapora – estão tomando doses de imunoglobulina para aumentar a imunidade do organismo.

Na semana passada, as crianças Maria Eduarda Alves Linhares, 11, e Ryan Peres Tavares, 9, morreram depois de contraírem a doença e terem complicações na assepsia das bolhas, causando infecção generalizada.

A menina ainda foi levada para o hospital, mas, segundo a SMS, o quadro evoluiu rapidamente. “Em menos de 48 horas a criança veio a falecer. Estamos aguardando os resultados dos exames que vão apontar quais bactérias infectaram as duas crianças, mas provavelmente foi a estafilococos”, disse a secretária de Saúde de Ipu, Efigênia Mororó.

Efigênia afirmou que a prefeitura está preocupada com o grande número registrado da doença e “já caracterizou como surto”. “Nesta época do ano é comum surgirem surtos de catapora em várias cidades brasileiras, mas estamos em alerta, pois foram duas mortes decorrentes da doença aqui em localidades distintas”, disse ela, ressaltando que a demora em procurar socorro médico facilitou a infestação de bactérias nas bolhas geradas pela catapora no corpo das duas crianças.

“O problema é que as pessoas querem se tratar em casa, mas é preciso ir ao médico para obter o tratamento correto. A catapora em si não mata, o que leva a óbito são as bactérias que encontram porta de entrada pelas bolhas e infestam o corpo. Em um dos casos, a criança sequer tomou banho no período em que estava doente e a assepsia é imprescindível para combater as bactérias”, informou a secretária, que acrescentou que as duas crianças tinham a imunidade baixa e uma delas fazia tratamento de saúde contra uma alergia rara, no Rio de Janeiro.

Segundo ela, moradores estão usando máscaras para saírem às ruas com medo de contrair o vírus, pois a vacina contra a catapora não faz parte do calendário básico de vacinação da rede pública. Quem tem condições financeiras em custear uma dose da vacina contra varicela disponível na rede particular já se imunizou. Mesmo com preços salgados, que variaram entre R$ 150 a R$ 200, os estoques da vacina em clínicas particulares da região de Ipu acabaram.

Estado nega surto

Apesar da Secretaria de Ipu afirmar que o município está vivendo um surto de catapora, a Sesa nega que o número de casos seja caracterizado surto. O coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Sesa, Manoel Fonseca, disse ao UOL que a população deve ficar tranquila, já que “apenas cinco casos, com duas mortes, foram registrados pelo Estado.”

“Não há motivo para pânico, nem para solicitação de vacinas contra varicela ao Ministério da Saúde, pois foram casos isolados e essas pessoas já tinha histórico de outras doenças”, destacou Fonseca.

Ele afirmou que o Estado enviou 200 doses da vacina, mas que nenhuma foi utilizada. “Ainda estamos trabalhando com os números oficiais que chegaram ao Estado, e não com os que município está falando. Nossa equipe de epidemiologista está esta semana em Ipu tentando ver com as equipes médicas do PSF, postos de saúde, hospitais e agentes de saúde quem apresentou sintomas da doença para analisar se foi mesmo catapora”, afirmou.

Para ele, as mortes das crianças ocorridas na semana passada foram resultados de assepsias mau feitas e “após coçar as bolhas com as mãos sujas, com a pele aberta para entrada de bactérias, as crianças tiveram complicação que as levaram a óbito.” “Foram casos isolados e excepcionais”, apontou.

A reportagem do UOL entrou em contato com o Ministério da Saúde, nesta terça-feira (17), mas até a publicação do texto não recebeu resposta sobre a ajuda ao município.