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Medicamentos podem ajudar a fumantes a vencer a dependência

O Brasil está entre os países com os maiores índices de ex-fumantes, segundo estudo internacional divulgado, este mês, pela revista médica ?The Lancet? - Getty Images
O Brasil está entre os países com os maiores índices de ex-fumantes, segundo estudo internacional divulgado, este mês, pela revista médica ?The Lancet? Imagem: Getty Images

Fabíola Ortiz

Do UOL, no Rio

29/08/2012 06h00

O uso de medicamentos como adesivos de nicotina ou inibidores do desejo de fumar podem ser uma boa saída para fumantes que querem se livrar do vício e não tiveram sucesso ao tentar por conta própria. Segundo a chefe do setor de dependência química da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, Analice Gigliotti, os remédios dobram a chance de uma pessoa parar de fumar.

“E quando a pessoa decide ter um acompanhamento médico na ingestão do medicamento, essas chance multiplicam por quatro. Os medicamentos são eficientes”, diz Gigliotti.

As terapias de reposição de nicotina podem melhorar e muito a qualidade de vida de uma pessoa que quer se tornar um ex-fumante e, aos poucos, faz com que o paciente deixe totalmente o cigarro.

A chance de uma pessoa que decide parar de fumar por conta própria ficar um ano sem fumar é de 3%. Já com apoio médico, esta porcentagem pode chegar a 40%.

A chefe do setor de dependência química da Santa Casa destaca que o uso de medicação como adesivos e pastilhas de nicotina, vareniclina (Champix) e bupropiona (Zyban) são eficazes, pois diminuem o desejo de fumar os efeitos colaterais da abstinência. O tratamento pode durar, em média, 12 semanas, ou o equivalente a três meses, explica a médica.

Dia de combate ao fumo

Nesta quarta-feira (29), comemora-se o Dia Nacional de Combate ao Fumo e diversas ações são promovidas em todo país para esclarecer os malefícios causados pelo cigarro.

O tabagismo é considerado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) a principal causa de morte evitável em todo o mundo.

Segundo a chefe do setor na Santa Casa da Misericórdia, o cigarro contém 4.722 substâncias químicas que fazem mal e pode causar 50 doenças diretamente relacionadas ao tabagismo, como diferentes tipos de câncer, doenças cardiovasculares ou respiratórias.

“O cigarro tem o monóxido de carbono, que aumenta o risco de infarto, derrame cerebral, gangrena e reduz a oxigenação. Tem o alcatrão, que pode gerar câncer no pulmão, na traqueia, no esôfago, na bexiga e no útero. Além de o cigarro ainda gerar risco de enfizema, bronquite crônica, sinusite, aumento de infecção respiratória, pneumonia, envelhecimento precoce e, para as grávidas, pode até ocasionar aborto espontâneo”, alerta a médica.

Segundo adverte Gigliotti, não há níveis seguros de consumo dessas substâncias. “Apenas um trago de cigarro já faz mal. Fumar diminui a oxigenação dos vasos e faz a contração das artérias. Eu vejo a diferença até mesmo no rosto de uma pessoa que fuma e da que deixa de fumar”, comentou.

Mais ex-fumantes no Brasil

Nos últimos dez anos, o tabaco matou 50 milhões de pessoas no mundo. Ele é responsável por mais de 15% de todas as mortes de homens adultos e por 7% das mortes de mulheres. No Brasil, um em cada cinco homens e uma em cada dez mulheres morrem devido ao fumo.

Em 2011, o Brasil gastou R$ 21 bilhões no tratamento de pacientes com doenças relacionadas ao tabaco. O valor equivale a 30% do orçamento do SUS (Sistema Único de Saúde) e foi 3,5 vezes superior ao arrecadado pela Receita Federal com produtos derivados do tabaco.

Os dados mais recentes do Ministério da Saúde sobre o fumo na população brasileira trazem um panorama mais positivo. Segundo a última pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), divulgada em abril deste ano, 18% dos homens brasileiros e 12% das mulheres admitem ser fumantes.

O Brasil está entre os países com os maiores índices de ex-fumantes, segundo estudo internacional divulgado, no último dia 16 de agosto, pela revista médica ‘The Lancet’. O país também tem a menor taxa de homens fumantes em relação ao total da população, comparado com os outros países analisados.

No mundo

A OMS estima que um terço da população mundial adulta, isto é, 1.2 bilhão de pessoas (entre as quais 200 milhões de mulheres), sejam fumantes.

Pesquisas comprovam que aproximadamente 47% de toda a população masculina e 12% da população feminina no mundo fumam. Enquanto nos países em desenvolvimento os fumantes constituem 48% da população masculina e 7% da população feminina, nos países desenvolvidos a participação das mulheres mais do que triplica: 42% dos homens e 24% das mulheres têm o comportamento de fumar.

O total de mortes devido ao uso do tabaco atingiu a cifra de 4,9 milhões de mortes anuais, o que corresponde a mais de 10 mil mortes por dia. Caso as atuais tendências de expansão do seu consumo sejam mantidas, esses números aumentarão para 10 milhões de mortes anuais por volta do ano 2030, sendo metade delas em indivíduos em idade produtiva, entre 35 e 69 anos, alertou a OMS.