Quase 3.000 brasileiros já tomaram o "coquetel do dia seguinte" para prevenir o HIV
De janeiro de 2011 a julho de 2012, exatas 2.978 pessoas tomaram medicamentos antirretrovirais para prevenir a transmissão do HIV no Brasil. Também chamada de “coquetel do dia seguinte”, a profilaxia pós-exposição (PEP) deve ser iniciada em até 72 horas após a relação sexual de risco. O número é divulgado nesta quinta-feira (30) em evento sobre a doença realizado no Anhembi, em São Paulo.
A terapia, chamada de profilaxia pré-exposição sexual (PEP), passou a ser oferecida pelo SUS (Sistema Único de Saúde) no ano passado para casos excepcionais em que ocorre falha ou rompimento da camisinha, por exemplo. Também são público-alvo pessoas com maior vulnerabilidade ao HIV, como homens que fazem sexo com homens, profissionais do sexo e usuários de drogas - cuja estimativa de infecção é dez vezes maior do que na população em geral. Por último, a profilaxia é indicada para pessoas que não têm o HIV e se relacionam com soropositivos.
A média mensal de tratamentos, que era de 136 no ano passado, agora é de 225, o que representa crescimento de 65%. A maior demanda ocorreu na região Sudeste – 1.918 procedimentos no período de 18 meses.
“Essa é uma estratégia adicional ao uso da camisinha, que continua sendo a forma mais eficaz de prevenção ao HIV”, ressalta Ronaldo Hallal, coordenador da área de Cuidado e Qualidade de Vida do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde.
Quanto mais cedo o tratamento pós-exposição for iniciado, maior é a eficácia da estratégia. O ideal é que ele comece nas duas primeiras horas depois da exposição à situação de risco, tendo como limite o prazo de até 72 horas. Ao todo, são 28 dias consecutivos de uso de três medicamentos antirretrovirais: zidovudina + lamivudina e tenofovir (ou lopinavir + ritonavir e tenofovir). A PEP sexual não deve ser utilizada em exposições sucessivas ao HIV, pois há efeitos colaterais dos medicamentos e o organismo pode desenvolver resistência às drogas.
O tratamento está disponível, desde 2011, em mais de 700 Serviços de Atenção Especializada em HIV/Aids (SAE), espalhados por todo o Brasil. A PEP sexual é dividida em duas categorias: exposição sexual ocasional e casais sorodiscordantes (quando um dos dois vive com HIV e o outro não). A relação completa com o endereço das unidades pode ser acessada no link www.aids.gov.br/pagina/servicos-de-saude.
O tratamento como prevenção é uma medida que já é adotada pelo Ministério da Saúde há mais de 20 anos no caso de acidentes de trabalho – profissionais de saúde que são expostos a materiais contaminados ou têm a luva perfurada por objetos cortantes no trato com o paciente soropositivo. Outro emprego da estratégia, que ocorre desde 1996, é no caso de gestantes infectadas pelo HIV e bebês expostos ao vírus, para prevenir a transmissão vertical.
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