Nas famílias mais ricas, taxa de fecundidade no país chega a menos de um filho por mulher
Brasileiras que vivem em domicílios com renda per capita de até um quarto do salário mínimo contam com uma taxa de fecundidade de 3,9 filhos. Já quando o rendimento é superior a cinco salários mínimos, a taxa é de menos de 1,0 filho por mulher. O contraste é delineado pelo Censo Demográfico 2010, divulgado nesta quarta-feira (17) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Além de interferir no número de filhos, a situação econômica da família também determina a idade com que a mulher tem filhos. Os quatro grupos de menor rendimento (com até um salário mínimo) possuem uma fecundidade concentrada na faixa de 20 a 24 anos. Já nos três grupos de maior rendimento (mais de 2 salários mínimos), a fecundidade está concentrada entre 30 e 34 anos.
Apesar de apresentar realidades distintas de acordo com as condições socioeconômicas, a família brasileira está menor, de modo geral. Se até 1960 a taxa de fecundidade era de mais de 6,0 filhos por mulher, em 2010 a média no país ficou em 1,9 filho – índice inferior ao nível de reposição (necessário para garantir a substituição das gerações).
A queda vertiginosa na taxa de fecundidade nos últimos 50 anos é a principal responsável pelo envelhecimento do país e pela diminuição do ritmo de crescimento da população, que foi de 1,17% na última década e já chegou a 3% ao ano em outros tempos.
Filhos mais tarde
Até o ano 2000, a tendência no país era de um rejuvenescimento do padrão da fecundidade, ou seja, o aumento da concentração das taxas na faixa de 15 a 24 anos. Mas na última década isso mudou. Apesar de o cenário não ter se alterado muito nas áreas rurais, nas urbanas a fecundidade nos grupos de mulheres mais jovens, de 15 a 19 anos e de 20 a 24, caiu de 19% e 29,2%, respectivamente, para 17,2% e 26,4%.
O aumento nas idades com que as mulheres têm seus filhos entre 2000 e 2010 ocorreu em todos os grupos de mulheres, com exceção das negras, que estão, em média, tendo filhos um pouco mais cedo (veja tabela abaixo).
Instrução
Entre as mulheres menos escolarizadas, a taxa de fecundidade chega a 3,09 filhos por mulher, sendo de 1,14 para as mais instruídas. A maior taxa no grupo de mulheres sem instrução é observada na Região Norte, com 3,67 filhos. Já a menor taxa do grupo de mulheres com superior completo é da Região Sudeste, com 1,10 filho por mulher.
A idade para ser mãe também varia de acordo com o grau de instrução. As mulheres com ensino superior completo têm filhos, em média, com 30,9 anos - 5,5 anos depois das que não têm instrução ou têm ensino fundamental incompleto.
No conjunto da população, no entanto, a tendência ainda é ter filhos em idades mais jovens, já que o número de mulheres com superior completo ainda representa apenas 11,2% das que estão em idade fértil.
Cor ou raça
A taxa de fecundidade total das mulheres brancas chegou a 1,63 filho e das mulheres negras e pardas com indicadores semelhantes, a 2, 12 filhos. Já a população indígena apresentou fecundidade maior, de 3,88 filhos por mulher.
O Censo indica que o padrão da fecundidade de negras e pardas, assim como o de indígenas, é mais jovem – o valor máximo situa-se no grupo de 20 a 24 anos. O que contrasta com o padrão das mulheres brancas, que apresenta uma concentração mais dilatada, dos 20 aos 34 anos.
O levantamento destaca, também, que acima dos 40 anos a fecundidade indígena é sempre maior que a observada nos outros grupos.
Regiões
O IBGE destaca que os contrastes entre as regiões do país vêm diminuindo desde a década de 1980, com a disseminação de práticas como a esterilização feminina. Mesmo assim, a Região Norte é a única que ainda apresentava, em 2010, uma fecundidade acima do nível de reposição.
As diferenças entre a situação de domicílio também vêm diminuindo. Se em 1970 uma mulher residente na área rural tinha 3,1 mais filhos que a moradora de área urbana, na última década a taxa de fecundidade ficou em 2,63 filhos por mulher no campo, contra o índice de 1,79 registrado nos grandes centros.
Censo 2010
Participaram do Censo 2010 cerca de 190 mil recenseadores, que visitaram os mais de 5.565 municípios brasileiros entre 1º de agosto a 31 de outubro de 2010. Os primeiros dados da pesquisa, que identificou uma população de 190 milhões de brasileiros, foram divulgados em abril de 2011. Ao longo de 2012, têm sido produzidos novos resultados, apresentados em volumes temáticos.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.