Instituto Butantan alerta sobre os riscos da "vacina-do-sapo"
![A secreção que a perereca kambô libera é um veneno com centenas de componentes - Divulgação/PF](https://conteudo.imguol.com.br/2013/01/18/anfibio-da-especie-phyllomedusa-bicolor-cuja-secrecao-extraida-por-povos-indigenas-para-produzir-uma-vacina-contra-diversos-males-1358537743029_300x300.jpg)
O Instituto Butantan, unidade ligada à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo e um dos maiores centros de pesquisa biomédica do mundo, decidiu fazer um alerta sobre os riscos da “vacina-do-sapo”, técnica indígena que promete proporcionar força, resistência e até mesmo a cura de diversas doenças como câncer e depressão.
Segundo o professor Carlos Jared, diretor do Laboratório de Biologia Celular do Butantan, não existem estudos que confirmem a eficácia total do veneno da perereca-verde Phyllomedusa bicolor, também conhecida como kambô.
Para o especialista, a presença comprovada de opioides, produzidos por glândulas de veneno do animal, pode levar a uma momentânea sensação de bem-estar, que vem se popularizando no Brasil e no mundo. Ele explica que uma série de outros componentes podem ser encontrados na substância, mas que a maioria deles tem função desconhecida pela Ciência.
A secreção que a perereca kambô libera é um veneno com centenas de componentes. “Há várias contraindicações que seriam as substâncias da glândula do veneno do animal, e que podem causar vômitos, diarreia, taquicardia, sudorese e alterações de pressão, entre outros sintomas”, afirma Jared.
As reações são variáveis e, enquanto não existirem estudos comprobatórios sobre a sua eficácia, é necessário ter cautela. “A tendência da pesquisa científica atual é passar esse veneno por um processo de separação bioquímica, a fim de identificar somente a parte farmacologicamente ativa, que poderia servir como terapêutica alternativa. É um trabalho difícil, que demanda muito tempo e esforço”, salienta o diretor do Laboratório de Biologia Celular do Instituto Butantan.
A técnica da “vacina-do-sapo” tem origem indígena e é largamente utilizada pelos índios da Amazônia brasileira e peruana. Entretanto, seu comércio é proibido pela Anvisa e a sua utilização em larga escala representa um perigo ambiental, uma vez que a captura indiscriminada da espécie pode causar a sua extinção.
Em decorrência a sucessivas extrações, as glândulas produtoras de veneno podem entrar em colapso e parar de funcionar. “Com isso, o animal perde o seu principal sistema de defesa no meio ambiente e fica mais suscetível aos predadores”, finaliza o especialista do Butantan.
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