Barbosa critica "cacofonia jurídica" na área da saúde
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Joaquim Barbosa, criticou nesta terça-feira (28) a falta de especialização na Justiça para julgar casos na área da saúde.
Durante sessão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), o qual também preside, Barbosa afirmou que há uma “verdadeira cacofonia jurídica” e muitas decisões tomadas pela Suprema Corte são “antígonas”, referindo-se à peça grega "Antígona", que trata do descompasso entre o que é justo e o que está na lei.
O conselho analisava uma proposta de criação de varas especializadas para julgar ações envolvendo casos como o de erros médicos. Na prática, as varas iriam trazer mais agilidade na análise dessas questões.
“Será que o problema concernente à saúde no campo do judiciário se resume à preferência de julgamento? Será que não está em jogo também a especialização, uniformização? Há uma verdadeira cacofonia jurídica nesta área. Como presidente do STF, não raro chegam estas questões, e as soluções são as mais ‘antígonas’”, observou Barbosa.
A proposta atende a um pedido do atual presidente da Embratur, Flávio Dino, ex-deputado pelo PC do B pelo Maranhão, que perdeu um filho aos 13 anos de idade de ataque de asma após passar em um hospital particular de Brasília.
O caso aconteceu em fevereiro de 2012 e a polícia foi acionada para investigar suposta negligência.
“Falo em nome do meu filho, embora ele não possa voltar, mas falo em nome de outros filhos de brasileiros e brasileiras”, afirmou com a voz embargada Dino, que é advogado, da tribuna do CNJ.
Dino criticou a precarização das condições dos trabalhos médicos e afirmou que a médica que atendeu seu filho trabalhava havia 23 horas seguidas.
O relator do pedido, conselheiro Ney José de Freitas, defendeu que não sejam criadas as varas especializadas, mas que os processos sejam priorizados nas varas da Fazenda.
“Uma maior especialização das varas na área da saúde poderia garantir medidas mais técnicas e precisas”, disse.
A decisão sobre a questão, no entanto, foi adiada após a conselheira Maria Cristina Peduzzi pedir vista do processo.
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