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Promotoria apura surto de diarreia em Alagoas

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

19/07/2013 21h37

O MP (Ministério Público Estadual) de Alagoas informou, nesta sexta-feira (19), que formará uma força-tarefa para investigar o surto de diarreia no Estado.

O surto matou 48 pessoas e atingiu 77.727 pessoas, dados registrados até o dia 6 deste mês. A cidade de Palmeira dos Índios (135km de Maceió) registrou 10 mortes e lidera a lista dos municípios onde ocorreram mais óbitos. Em segundo vem Estrela de Alagoas (a 150km de Maceió), com registro de quatro óbitos. O MP instaurou um inquérito civil público, nessa quinta-feira (18), para investigar as causas da doença.

As primeiras ações vão identificar as pessoas que adoeceram e os endereços delas para saber a forma da distribuição de água que é fornecida aos imóveis.

O MP informou que vai apurar as responsabilidades dos órgãos envolvidos no transporte e abastecimento de água. Segundo o coordenador do 2º Centro de Apoio Operacional do Ministério Público, procurador de Justiça Geraldo Magela, serão cadastradas todas as pessoas que ficaram doentes ou tiveram parentes mortos vítimas de diarreia.

“Após esse levantamento, convocaremos a Casal [Companhia de Saneamento de Alagoas], o Exército e as Secretaria Municipal de Saúde para cobrarmos as devidas explicações. Já está claro que, em algum momento, houve omissão ou no fornecimento ou na distribuição da água e temos que identificar de onde partiram as falhas”, disse.

O promotor de Justiça da comarca de Palmeira dos Índios, Izadílio Vieira da Silva, informou que vai solicitar os dados às Secretarias Municipal de Saúde de Palmeira dos Índios e de Estrela de Alagoas.

“Temos que adotar as providências urgentes para que novas vítimas não morram por causa dessa doença. Inclusive, cobrando do Município uma campanha de educação e de higiene para que as pessoas pratiquem hábitos básicos, a exemplo de usar o hipoclorito e lavar as mãos sempre antes das refeições.”


Contaminação da água

A Sesau (Secretaria do Estado da Saúde) informou, em nota divulgada nesta sexta-feira, que busca solucionar possíveis problemas na rede de abastecimento da Casal (Companhia de Abastecimento de Alagoas) e dos Saes (Sistemas de Abastecimento de Água), que são de responsabilidade das prefeituras, além de formas alternativas de abastecimentos, como carros-pipa, além de ações no manuseio da água para que diminua os riscos de contaminação da água e evite que a epidemia atinja outros municípios.

A secretaria informou que está atenta desde os primeiros casos de diarreia registrados, monitorando os casos em incidência para tentar "frear" o número de casos da doença.

"Além de prestar assistência técnica aos municípios e intensificar o monitoramento da qualidade da água de forma complementar, também vem orientando as equipes técnicas para desinfecção da água nos pontos de consumo (cisternas de placas)".

A Sesau destacou ainda que enviou insumos para ajudar no atendimento realizado nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e nos hospitais. Distribuiu 7.500 caixas de hipoclorito de sódio e está "orientando a população sobre como evitar a diarreia, realizar a higiene pessoal e cuidar da água a ser consumida nos domicílios".


Outro lado

Em nota, a Casal negou que a água distribuída pela companhia esteja imprópria para consumo humano e ressaltou que não há problemas nos sistemas de abastecimento de água do Agreste e Sertão do Estado.

De acordo com o gerente de Controle de Qualidade do Produto da Casal, Antônio Capistrano, todas as análises realizadas até agora constatam que a água estava potável, ou seja “a água está dentro dos padrões de qualidade exigidos pelo Ministério da Saúde", afirmou.

Capistrano esclareceu ainda que “em alguns locais situados em ponta de rede houve constatação de baixo teor de cloro, mas que isto não deve ser confundido com contaminação.”A Casal ressaltou ainda que a cidade de Palmeira dos Índios não é somente abastecida por água fornecida pela Casal, mas também por várias outras fontes, como carros-pipa, poços e cacimbas, que não são de responsabilidade da empresa.

“Além disso, a Casal não se responsabiliza pela qualidade da água acumulada nos reservatórios dos imóveis residenciais, comerciais e públicos.”