"Amor é o melhor remédio", diz lama tibetano que lança livro em SP
“O amor é o melhor remédio”, afirma o lama tibetano Tulku Lobsang. “Através dele podemos liberar bloqueios físicos e melhorar a saúde”. O iogue, que esteve em São Paulo no começo deste ano ensinando técnicas de ioga tibetana e do budismo tântrico, volta esta semana à cidade para apresentar outro método, o ‘Guru Ioga’, que, segundo ele, “permite que a pessoa aprenda não apenas intelectualmente, mas que sinta no coração”.
Ele também lança por aqui o livro “Amor e Saúde”, no qual dá dicas para incrementar a experiência amorosa através do ‘budismo tantrayana’, linha da ioga voltada à liberação e à transformação, que usa o corpo e as emoções como veículo. O guru diz que há atualmente uma abundância de inteligência prejudicada por carência de conhecimento sobre o amor. “Isto leva as pessoas ao sofrimento, em todos os níveis, por não saberem como funciona essa energia poderosa."
Lobsang também vai dedicar dois dias para uma imersão nas técnicas do ‘tummo bliss’, uma mistura de respiração, posturas físicas e meditação com a finalidade de atingir um estado de êxtase que o lama chama de ‘natureza búdica’.
Em entrevista ao UOL, Tulku Lobsang falou sobre suas técnicas, que, segundo ele, alcançam regiões ocultas do corpo. “Fazemos uso de apenas 10% do nosso potencial físico, e 1% da nossa mente”. Aliás, a dimensão corporal é o foco das técnicas tibetanas do guru.
Apesar de ser reconhecido no Tibete como a reencarnação de um lama ancestral, e dos títulos de médico tradicional e mestre iogue, ele revela traços de bastante simplicidade comentar seus hábitos alimentares: “Como tudo o que gosto, e não como o que não gosto”, resume.
Mas o guru admite que a agenda agitada e o cotidiano nada rotineiro são os verdadeiros responsáveis pelo desprendimento na hora de comer. “Viajo onze meses por ano, tenho sempre que me adaptar a alimentação local, então não sigo uma dieta especial”. Confira a entrevista:
Apesar dos títulos e de ser reconhecido no Tibete como a reencarnação de um lama ancestral, Lobsang revela simplicidade ao falar de seus hábitos alimentares: “Como tudo o que gosto, e não como o que não gosto”, resume
UOL: Suas práticas são diferentes das mais conhecidas formas do budismo, ioga e tantra?
Tulku Lobsang: O tantra, e os ensinamentos ‘tantrayana’, em especial, através das práticas das iogas tibetanas, ‘Lu Jong’ e ‘Tsa Lung’, são voltados para a transformação e a liberação, mais do que em qualquer outra linha do budismo. Usamos o nosso corpo e emoções como veículo.
UOL: Qual o objetivo?
Lobsang: Alcançar a nossa mente pura, perceptiva e verdadeira, que está além da conceitual. São principalmente métodos para obter elevada realização do corpo e mente. Fazemos uso de apenas dez por cento do potencial do nosso corpo, e um por cento do potencial da nossa mente, o resto está oculto para nós. As iogas tibetanas nos possibilitam alcançar estas partes ocultas.
UOL: Como é seu cotidiano?
Lobsang: Os iogues profissionais mais tradicionais se dedicam à prática todo o tempo, com exceção de comer, dormir e ir ao banheiro. Também há casos em que praticam entre seis ou quatro vezes por dia, ou então ao menos uma vez por dia, que é o meu caso. Às vezes, devido a minha agenda de viagens, nem isso é possível.
UOL: E de que forma você concilia suas práticas e essa rotina agitada?
Lobsang: Meus ensinamentos nunca começam antes das dez horas da manhã, assim tenho algumas horas, quase todos os dias, em que posso realizar a minha prática. Quando tenho tempo, faço ainda retiros para práticas mais intensas.
UOL: E em relação à comida?
Lobsang: Como tudo o que gosto, e não como o que não gosto. Simples assim. Viajo onze meses por ano, preciso sempre me adaptar à alimentação local, então sigo uma dieta especial.
UOL: Pode falar sobre a dimensão corporal das técnicas que pratica?
Lobsang: Estamos num momento “físico”, em que as pessoas estão correndo contra o tempo, sempre muito ocupadas. As práticas ‘tantrayana’ são curtas, eficazes e usam o corpo. Nestes tempos corridos é melhor usar o corpo porque ele é mais obediente, executa qualquer ordem que lhe dermos. Já a nossa mente é como um elefante selvagem, não faz o que a ordenamos, é mais forte que nós. Se tentarmos trabalhar através de práticas mentais, nos exaurimos. O corpo é um meio rápido para atingir autocontrole e calma.
UOL: Uma das suas técnicas é o ‘Lu Jong’, pode falar sobre ela?
Lobsang: Lu Jong é a transformação do corpo e da mente, para que ambos se tornem mais funcionais, ou seja, que façam aquilo que queremos. Através da prática do Lu Jong, nossos canais, que estão suscetíveis à quebra, torção e bloqueios, se alinham e se fortalecem. Após doze meses de vida, a cada dia o fluxo de energia vital diminui e em função disso adoecemos, envelhecemos e morremos. Portanto, esta prática nos proporciona mais energia, jovialidade e longevidade. Estes são os benefícios temporários, os mais profundos são os de alcançar a mente oculta, pura e mais elevada.
UOL: Pode falar das outras práticas, como ‘Tsa Lung’ e ‘Tummo Bliss’?
Lobsang: ‘Tsa Lung’ são exercícios que trabalham com a respiração. A prática eleva o nível de energia, gerando uma espécie de ‘fogo interno’. O Tummo abre portas ocultas, os ‘chacras’. Isso libera hormônios da felicidade no organismo, penetra por todo o corpo e traz uma elevada sensação orgástica; o ‘Bliss’, que abre a consciência para nossa sabedoria inata, que é o nosso objetivo.
UOL: Nesta visita ao Brasil você apresentará outra técnica, o ‘Guru Ioga’; do que se trata?
Lobsang: Há muitos métodos que nos ajudam em nosso caminho espiritual, que melhoram a saúde, dão felicidade. Ainda assim, há pessoas que não obtém grandes resultados porque não aplicam essas técnicas ao seu cotidiano, apesar de saberem intelectualmente que são boas. Isso ocorre por não sentirem confiança, fé na prática. O ‘Guru Yoga’ permite que a pessoa não aprenda apenas intelectualmente que o método é bom, mas que sinta isso no coração. Derrete o conhecimento no coração, assim a prática fica fácil.
UOL: Você está lançando no Brasil o livro “Amor e Saúde”, por que decidiu abordar esse tema?
Lobsang: Muitos pensam que o amor não tem relação com a saúde, só com relações interpessoais, mas no ‘budismo tantrayana’ é considerado uma grande fonte de saúde. Através de sua prática podemos liberar todos os bloqueios físicos. É o melhor remédio, porque não precisamos adquiri-lo para tomar, afinal, já o contemos em nós. Portanto, é o medicamento absoluto para qualquer tipo de problema e doença. Neste século 21 somos muito inteligentes, porém não temos conhecimento sobre o amor, não sabemos como funciona essa força poderosa e isto leva ao sofrimento em todos os níveis.
UOL: O tantra trabalha com a energia sexual, como você aborda essa questão em suas práticas?
Lobsang: A energia sexual é muito importante para a saúde, no nível mental, energético e especialmente na prática espiritual. A ignorância sobre isso pode trazer prejuízos. O uso inadequado dessa energia pode resultar em cansaço e exaustão. Mentalmente, pode gerar desequilíbrio e insatisfação.
UOL: É uma abordagem espiritual da prática sexual?
Lobsang: Há muitas técnicas para usar a energia sexual com o proposito de elevação espiritual, mas o sexo é o melhor caminho. Em muitas culturas a prática sexual é vista como um tabu, ou até algo sujo, mas no ‘tantrayana’ o sexo é respeitado e sagrado. Estas técnicas se mantiveram secretas e indisponíveis ao grande público por causa desses conceitos de ‘certo’ e ‘errado’. Mas, neste século, através de explicações e esclarecimentos, é possível falar destas coisas, que estão além de crença e da cultura. Vivemos em um tempo em que não é mais necessário manter estes assuntos secretos, e sim trazê-los á luz.
Serviço
Tulku Lobsang - Palestra e lançamento do livro “Amor e Saúde”
21/8 (quarta-feira), das 19 às 21:30 h
R$ 35
Guru Yoga
23/8, das 19 às 22:00 h
R$140
Workshop ‘Tummo Bliss’
24 e 25/8, das 10 às 18:00 h
R$ 370
Local: HB Hotels, no Jardim Paulista (SP)
Informações e inscrições
monica@tulkulobsang-organizer.org
www.tulkulobsang.org
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