Maca que deixa usuário de ponta-cabeça ajuda a aliviar dores nas costas
Ficar de cabeça para baixo por alguns minutos alivia a pressão exercida pela gravidade sobre a coluna vertebral, o que é útil para quem sofre de dores nas costas. É a partir desse conceito que nasceu a terapia de inversão, uma técnica que antigamente contava com máquinas grandes e sofisticadas, e hoje é feita em macas dobráveis, que quase não ocupam espaço.
Especialistas têm usado as macas de inversão não só para diminuir dores, mas alongar a musculatura, reduzir o estresse e melhorar a circulação sanguínea. O equipamento pode ser utilizado em academias, clínicas de fisioterapia e até mesmo em casa. Entre os adeptos, há quem queira apenas ganhar qualidade de vida e prevenir futuros males, além de atletas que desejam aumentar o desempenho e reduzir dores após os treinos.
O fisioterapeuta Adriano Adolfo Aguiar, pós-graduado em Biomecânica e Fisiologia do Exercício pelo Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas, utiliza as macas em sua clínica. Ele conta que, hoje em dia, tratar a coluna é algo complicado, pois há vários fatores que podem causar dores. “A maca de inversão é pequena e barata (custa de R$ 2.000 a 3.000) e proporciona o mesmo efeito da mesa”, diz.
Aguiar comenta que o equipamento proporciona a tração natural do corpo, alinhando e alimentando as vértebras, evitando patologias futuras, como hérnias de discos. Além disso, ajuda a relaxar. “Ela faz uma inversão extremamente natural; a gravidade trabalha sozinha e pode ser usada como forma de tratamento ou prevenção.”
Segundo o fisioterapeuta, as macas de inversão curam oito em cada dez pessoas que precisariam passar por cirurgia. “O tempo que a pessoa gasta indo ao banheiro pegar um analgésico para cortar a dor poderia ser gasto na maca de inversão”. O efeito, ele garante, seria o mesmo.
Ele acrescenta que é muito comum esportistas também utilizarem a técnica: “Os jogadores de basquetebol da NBA, nos intervalos das partidas, fazem a inversão. Isso aumenta em 15% a capacidade de raciocínio”. Para Aguiar, qualquer pessoa, desde que bem orientada por um profissional, pode utilizar a maca sozinha.
Acompanhamento
O ortopedista Mauro Martinelli, formado pela Santa Casa de São Paulo e médico do esporte da clínica Vivid, é mais comedido: “Na literatura médica não há nada que comprove que este tratamento seja melhor que outros como quiropraxia, acupuntura e RPG, por exemplo. É uma terapia a mais para quem sente dores nas costas; vejo com bons olhos, mas como um algo a mais ao tratamento convencional.”
Ele lembra que a prática pode ser benéfica em alguns casos e é uma boa alternativa, mas com acompanhamento de um profissional da saúde. E alerta: “Imagine uma pessoa fazendo isso em casa, sozinha, travando a coluna ou tendo um problema de pressão? Quem irá ajudá-la?”
Martinelli também chama a atenção para situações de risco, como casos de artrose ou hérnia de disco, que podem até ter uma piora. “A maca não pode ser vendida como a resolução do problema, porque ela melhora, mas não trata a causa da dor”.
Segundo a Trielo, empresa que comercializa as macas, o uso do aparelho precisa de supervisão médica em casos de AVC, hipertensão, gravidez ou fragilidade óssea. Aguiar acrescenta à lista glaucoma, casos de pré-operatório e de obesidade.
Usuários aprovam
A psicóloga Solange Uehara, de 54 anos, usa a maca não por sentir dor, mas porque fica muito tempo sentada e, em algumas ocasiões, em pé para dar palestras. “Preciso dar uma atenção especial à minha postura. Com a gravidade a gente vai encolhendo; com a maca, eu cresço. Além disso, ‘desestressa’ a ossatura e a musculatura”, diz.
Ela usa a maca com o acompanhamento do fisioterapeuta e diz que ficar de cabeça para baixo tira o desconforto do pescoço e faz com que a pessoa vá se alinhando. “Agora, me sinto mais bem ‘postada’, tenho maior liberdade para movimentar meu pescoço. Enfim, foi um achado. Recomendo”.
Thais Santos é empresária, tem 39 anos e sofre de escoliose desde a adolescência. Ela afirma que sua coluna tem o formato de um S. “Eu fiz fisioterapia, RPG e quiropraxia, que me ajudou bastante, mas as dores não passavam”.
Ela conta que tudo piorou quando teve um filho, hoje com quatro anos, e que carregá-lo no colo só piorou a situação. Vivia à base de remédio. Um dia, assistindo a um programa de televisão, viu uma celebridade usando o aparelho numa academia e achou interessante. Tempos depois, descobriu que a maca podia ser comprada.
“Eu comprei e faço sozinha em casa. Claro que segui as instruções e há alguns casos em que as pessoas não podem fazer, mas não tive nenhum problema. Faz seis meses que uso a maca e nunca mais tomei remédio. Fico até emocionada ao falar. Ela alivia tudo”.
A empresária diz que faz a inversão duas vezes por semana, por cinco minutos, ou quando sente dor. E que até conseguiu convencer o irmão, cético até então, a praticar. “Ele também virou fã”, finaliza.
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