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Enfermeiros ameaçam parar e hospital no PI cancela mais de 100 cirurgias

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

29/05/2014 20h20

Procedimentos e cirurgias no HUT (Hospital de Urgência de Teresina), referência pública em urgência e emergência no Piauí, estão prejudicados com o indicativo de greve de enfermeiros. técnicos e auxiliares que trabalham no centro cirúrgico da maior unidade pública do Estado.

Mais de 100 cirurgias foram canceladas entre terça-feira (27) e esta quinta-feira (29). Diariamente são realizadas 40 cirurgias e o número diminuiu para 15 por dia, segundo a direção do HUT.

O Senatepi está realizando, deste a terça-feira, mobilizações para que enfermeiros, técnicos e auxiliares consigam a isonomia salarial e sejam contemplados com o reajuste de 5,85% que foi concedido aos servidores do município.

O vice-diretor do Senatepi (Sindicato dos Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem do Piauí), Erick Riccelly, confirmou que enfermeiros, técnicos e auxiliares que trabalham no centro cirurgico do HUT cruzaram os braços esta semana para protestar a não contemplação do reajuste de 5,85%, que foi concedidos aos servidores municipais.

“Realmente nossa categoria está insatisfeita e muitos profissionais faltaram ao trabalho hoje lá no HUT. Se a prefeitura alega que já fomos contemplados com o aumento dos 25% de acordo com o PCCS (Planos de Cargos Carreiras e Salários) e não temos direito ao reajuste linear porque concederam a outras categorias, como os médicos?”, indagou Riccelly.

O Senatepi informou que caso a categoria não seja incluída no reajuste linear deverá entrar em greve já na próxima terça-feira (3), quando será realizada uma assembleia na Câmara de Vereadores de Teresina.

Operação tartaruga

Segundo a direção do HUT, 26 profissionais do centro cirúrgico estão realizando uma espécie de “operação tartaruga” e diminuíram a quantidade de procedimentos nos últimos dois dias.

Pacientes que correm risco de morte estão esperando a normalização do atendimento para poder se submeter as intervenções cirúrgicas. Segundo a direção do hospital, o estado de saúde desses pacientes podem ter se complicado devido a demora da realização das cirurgias.

“Somos referência em todo tipo de cirurgia e atendemos pacientes do Piauí e outros Estados, como Maranhão, Ceará e até Pará e Tocantins. Nossa demanda é alta e tivemos pacientes que estão com risco de morte precisando de cirurgia de urgência e esperando o procedimento”, disse o diretor do HUT, Gilberto Albuquerque.

Albuquerque disse que remanejou profissionais de outros setores para esta quinta-feira e ainda fechar a escala desta sexta-feira e, assim, normalizar o funcionamento do centro cirúrgico.

Ele afirmou que caso seja necessário vai contratar profissionais terceirizados para atender a demanda de pacientes durante o indicativo de greve dos enfermeiros e auxiliares.

“Não fomos informados desse indicativo de greve, dessa operação tartaruga, mas sentimos na prática que o trabalho desses profissionais não está ocorrendo dentro da normalidade. Não vamos medir esforços para que essa situação seja minimizada”, ressaltou o diretor do HUT.

Atualmente o HUT realiza uma média de 1.000 cirurgias por mês, sendo que metade delas é em vítimas de acidentes de moto.

O HUT tem 289 leitos, 120 macas e 43 cadeiras de roda. 1.800 profissionais trabalham no HUT.

Devido a demanda de pacientes os corredores estão lotados e há uma demanda de pacientes que não consegue atendimento médico por conta da falta de espaço físico, sem espaço para novos leitos e macas.

“Temos um fluxo diário de 500 pacientes e estamos sempre superlotados por conta da demanda superior ao espaço físico. Muitos pacientes não deveriam estar aqui, pois os problemas de saúde deles são simples e seriam resolvidos em unidades básicas, mas como o Piauí é muito pobre e muitas cidades não tem hospital, esses pacientes acabam vindo de ambulância para serem atendidos aqui em Teresina.”

A prefeitura de Teresina explicou que o aumento não abrangeu o enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem porque a categoria já foi contemplada com o reajuste que consta nos PCCS. Este ano técnicos e auxiliares de enfermagem terão o reajuste de 25% – 5% na incorporação automática, 10% que foi concedido em março e mais 10% que sairá na folha salarial de agosto.

Para os enfermeiros o aumento foi de 8% conforme o PCCS. “Estas categorias não se enquadram no aumento de 5,85%, que é para as demais que não possuem plano específico”, informou a prefeitura.