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Mulher narra como é viver com marido internado na UTI

Adriana, o marido Well que tem esclerose lateral amiotrófica, os filhos Ana Júlia e Alan, e Helena, que ajuda a cuidar das crianças  - Arquivo pessoal
Adriana, o marido Well que tem esclerose lateral amiotrófica, os filhos Ana Júlia e Alan, e Helena, que ajuda a cuidar das crianças Imagem: Arquivo pessoal

Bia Souza

Do UOL, em São Paulo

02/02/2015 06h00

Em 2010, Wellington Van Der Laan Henriques Arruda, 57, de Manaus, começou a ter dificuldades para segurar objetos, sentia os membros dormentes e as pálpebras um pouco baixas. Ele e a mulher, Adriana Lima Resende Arruda, 37, preocupados com a possibilidade de um aneurisma, procuraram hospitais e médicos diferentes, mas apenas dois anos depois, em São Paulo, obtiveram um diagnóstico. Well, como é chamado pela família, possuía esclerose lateral amiotrófica (Ela), uma doença neuromuscular degenerativa que afeta os neurônios motores. O paciente perde inicialmente a mobilidade, se tornando tetraplégico até não ter mais o controle dos músculos responsáveis pela respiração, fala e deglutição, o que traz a necessidade de respirar e comer de forma artificial  

Adriana, relata o que mudou desde o diagnóstico:

“Assim que retornamos de São Paulo, o meu cunhado Wellman faleceu e essa perda foi muito brusca para o me marido. Pouco tempo depois, em março de 2013, meu filho mais velho William, 21, morreu em um acidente de carro. Eu dizia ao meu marido que eles tinham ido interceder pessoalmente por ele.

Em casa, ele estava com dificuldade para se alimentar, já não se movia sozinho, necessitava de ajuda para sentar, levantar, tomar banho, comer, praticamente todas as atividades diárias. Já estava comprometida a fala e a deglutição. A alimentação em casa não estava suprindo suas necessidades e estava perdendo peso.

Em 23 janeiro de 2014, meu marido foi internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), com pneumonia e por perca de peso. Desde então, ele respira e se alimenta com auxílio de aparelhos. Apesar de estar internado há um ano, ele está estável. No entanto, além da Ela, ele também tem insuficiência cardíaca, e é hipertenso.

Eu me tornei pai, mãe e dona de casa. Temos dois filhos pequenos: Ana Júlia, 11 e Alan, 9. Minha vida é corrida, trabalho no hospital militar pela manhã, volto para casa para almoçar com as crianças, vou para o hospital ver meu marido e, à noite, vou para a universidade onde leciono. O sorriso dele quando eu chego supera tudo.

O Well tem receio de ir para casa, pois era o meu filho quem nos ajudava. Ele sabe que na UTI tem assistência em caso de emergência, se estivesse em casa correria risco de morte.

A chefe da UTI, a médica Dirce Onety, autoriza dormir quando posso e ficar com ele sem ser necessariamente no horário da visita. Tenho que agradecer a Deus e toda equipe do Hospital Samel pela assistência e atenção com o Well e familiares.

Estamos à espera de um milagre.”