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Como uma pessoa entra em coma alcoólico? Saiba identificar os sintomas

O estudante universitário Humberto Moura Fonseca, 23, morreu de coma alcoólico após participar de uma festa universitária em Bauru (SP) - Reprodução/Facebook
O estudante universitário Humberto Moura Fonseca, 23, morreu de coma alcoólico após participar de uma festa universitária em Bauru (SP) Imagem: Reprodução/Facebook

Mirthyani Bezerra

Do UOL, em São Paulo

02/03/2015 21h28

O caso do estudante universitário Humberto Moura Fonseca, 23, que morreu na tarde do último sábado (28), após participar de uma festa universitária em Bauru, no interior de São Paulo, evidenciou os riscos da ingestão exagerada de bebidas alcoólicas. O jovem teria tomado ao menos 25 copos plásticos pequenos com vodca durante uma competição realizada na festa "open bar" InterReps, em uma chácara da Granja Cecília, promovida por várias repúblicas de estudantes.

A quantidade exagerada teria causado, segundo especialistas, uma intoxicação aguda no organismo de Humberto, resultante da sobrecarga do seu fígado, que é o que caracteriza o coma alcoólico.

Entre outras substâncias, o fígado é o responsável por metabolizar o álcool e transformá-lo em glicose, o “combustível” que faz as células funcionarem. “Quando a pessoa ingere muito álcool, o fígado perde a capacidade de sintetizar a substância e metabolizar a glicose, o que leva a uma intoxicação aguda de álcool no organismo e, consequentemente, ao coma alcoólico”, explica Rogério Alves, hepatologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Alves afirma que diante desse quadro, o cérebro é o primeiro a sentir os efeitos da intoxicação. “Ele [o cérebro] precisa muito de glicose para trabalhar e, como é um órgão nobre, é um dos primeiros afetados pela falta da substância”, diz.

Segundo os especialistas, não há um limite padrão do corpo quando se trata de ingestão de álcool. “É difícil medir. Depende do tamanho do corpo, se a pessoa tem um fígado que metaboliza melhor, se bebida é mais concentrada, se foi ingerida em jejum, se a pessoa bebeu rápido demais”, diz Marta Deguti, hepatologista do Centro de Gastroenterologia do Hospital 9 de Julho.

A médica afirma que, em média, um homem adulto saudável precisa de uma hora para metabolizar uma dose de álcool. No caso das mulheres, elas precisam do dobro do tempo. “Em doses menores, o álcool causa desinibição, comportamento inadequado. No entanto, quando a intoxicação se aprofunda, a substância tem efeito contrário. A pessoa fica sonolenta, inativa. Se ela continuar ingerindo álcool, acabará tendo uma depressão profunda no sistema nervoso central, o que pode causar uma parada cardíaca e respiratória”, diz.

Um indivíduo que está entrando em coma alcoólico tem dificuldades para respirar, por isso, de acordo com o médico Rogério Alves, é preciso que haja um suporte respiratório adequado no momento do socorro. “No caso desse rapaz {Humberto Fonseca], ele pode ter tido uma hipoglicemia grave ou pode não ter sido bem assistido”, afirma o hepatologista.

Quem está junto a pessoa que exagerou na bebida precisa ficar de olho na frequência respiratória. “Se a respiração diminuir muito, tem que levar para o hospital imediatamente”, afirma a hepatologista Marta Deguti.

Ingerir alimentos doces ajuda?

Segundo especialistas, os alimentos ajudam a recompor a glicose que está em déficit no organismo. “Se a pessoa está consciente, ela precisa parar de beber e se hidratar. Comer algo também ajuda porque tudo o que comemos é metabolizado em glicose. Se for doce, é melhor ainda”, afirma Rogério Alves.

Dependendo do nível de ingestão de bebida alcoólica, essas medidas podem não adiantar. “Você pode bater no rosto da pessoa, chamar pelo nome, fazer com que tome café com açúcar ou mesmo água. Mas se ela tiver bebido muito, não vai ser a ingestão de glicose que vai ajudar, pois o fígado precisará de um tempo para limpar o organismo”, explica Marta Deguti.

Nesses casos, o suporte médico é imprescindível. “É preciso manter a respiração e a taxa de glicose, até que o fígado consiga limpar o organismo. Não adianta ficar dando açúcar, nem café, tem que levar para o hospital”, diz.