Aumenta acesso à acupuntura no SUS em SP, mas espera pode ser de 6 meses
A procura por sessões de acupuntura no SUS (Sistema Único de Saúde) no Estado de São Paulo vem crescendo ao longo dos anos. O serviço oferecido em 64 unidades de saúde do Estado é voltado para pacientes com dores crônicas, mas também atende pacientes com transtornos psiquiátricos como a depressão.
Apesar disso, pacientes que usam o serviço ainda reclamam da dificuldade de agendamento –que pode demorar até seis meses– e, das filas para serem atendidos, depois de finalmente agendada as consultas. O SUS oferece, em média, dez sessões por paciente, o que permite que alguns recebam alta sem sentir uma efetiva melhora no quadro de dor.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, desde o começo do serviço na rede pública, em 2007, mais de 1,5 milhão de sessões foram realizadas. Nos últimos dois anos ocorreu um salto na procura: houve 348,3 mil aplicações da técnica nos serviços públicos do Estado em 2013, e 389,2 mil sessões em 2014, um aumento de 11,8%.
Como o encaminhamento é feito a partir de pedido médico feito nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde controladas pelo poder municipal), a Secretaria Estadual de Saúde afirmou que não tem como diminuir a espera pelo atendimento. Mas informou que o paciente pode fazer mais sessões se houver necessidade. Já a Secretaria Municipal de Saúde não confirma a demora nos casos e diz que muitos pacientes faltam, perdem lugar na fila e depois reclamam da demora.
Segundo o acupunturista Daniel Hideo Yoshizumi, responsável por aplicar a técnica no AME Dr. Geraldo Bourroul, na região central de São Paulo (SP), 80% dos pacientes que chegam para passar por suas mãos têm problemas ortopédicos e de coluna. Ele faz a aplicação com agulhas, ventosas ou eletroestimulação.
“A acupuntura tem como diferencial avaliar o paciente de forma holística, tratando não apenas os sintomas, mas proporcionando a sensação de bem-estar, melhora da qualidade do sono, melhora da disposição e da parte emocional e sem os efeitos colaterais do uso de medicações”, afirma Yoshizumi.
Na capital paulista, na AME Dr. Geraldo Bourroul, o atendimento ocorre de segunda, quarta e sexta-feira, das 14h às 18h, com 30 pacientes por sessão, em média.
No Estado de São Paulo, o SUS oferece acupuntura nas seguintes cidades: Andradina, Araçatuba, Assis, Atibaia, Barretos, Bauru, Carapicuíba, Casa Branca, Catanduva, Dracena, Ferraz de Vasconcelos, Franca, Guarulhos, Itapetininga, Itapeva, Itapevi, Itu, Jales, Jundiaí, Limeira, Marília, Mogi Guaçu, Ourinhos, Pariquera-Açu, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Rio Claro, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto, Tupã e Votuporanga.
“Médico é atencioso, mas espera é longa”
Depois da quinta sessão de acupuntura na AME Dr. Geraldo Bourroul, a paulistana Dinaura Sandoli, 63, diz “ter notado uma melhora muito grande” em seu delicado estado de saúde.
“Já senti um alívio da fibromialgia e da enxaqueca. Acredito que estes dois problemas estarão melhores na décima aplicação. Mas também tenho artrose na coluna e nos joelhos que devem ter uma recuperação mais lenta”, disse.
Para a moradora da Vila Mariana, bairro da zona sul de São Paulo (SP), Yoshizumi “é muito atencioso e gosta de conversar com os pacientes”. Para ser eficiente, ela conta que ele pede para os pacientes escreverem no papel seus problemas de saúde. Antes de usar as agulhas, ele lê o papel para fazer o atendimento mais personalizado.
"Ele é muito criterioso, se preocupa com a gente", disse. Antes da sessão, porém, Dinaura diz já ter esperado até duas horas para ser atendida, devido a extensa fila.
“São poucos médicos para muitos pacientes, mas a espera é relativa. Pode ser de 40 minutos até duas horas”, afirma.
“Dez sessões é pouco para quem tem dor”
Depois das dez sessões feitas na AME da região central de São Paulo, a aposentada Alaide Alves de Souza, 65, diz ainda sentir dores e, por isso, gostaria de continuar o tratamento.
A idosa sofre de artrite e fibromialgia e, por ter problemas no fígado, não pode tomar certos remédios para dor, o que piora seu estado de saúde.
“Senti uma melhora com a acupuntura. Tinha muita dor nas costas, nas pernas e no joelho e elas diminuíram. Achei o atendimento muito humano, mas ainda queria fazer mais sessões porque sinto muita dor e não posso tomar remédios”, conta.
A moradora do Cambuci, bairro da região central de São Paulo, também reclama da ‘fila enorme’ para ser atendida. Ela só conseguiu agendar as sessões após seis meses do pedido médico.
Técnica ajuda aliviar dores
A acupuntura usa agulhas finíssimas que combatem as dores causadas por problemas ortopédicos, de coluna, fibromialgia, artroses e artrites, mas também ajuda no alívio da ansiedade e da insônia e pode até melhorar os efeitos colaterais da quimioterapia.
“A OMS (Organização Mundial da Saúde) indica a acupuntura também para quem tem apneia do sono, depressão leve, transtornos de ansiedade, sintomas do climatério e até para quem sofre com muita náusea no início da gestação”, diz Yoshizumi.
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