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É possível voltar à vida normal depois do coma? Médicos dizem a verdade

Em 2013, Michael Schumacher sofreu um acidente de esqui na França e passou meses em coma Imagem: AFP PHOTO/ Vincenzo PINTO ORG

Maria Júlia Marques

Do UOL, em São Paulo

20/01/2017 04h00

Após um acidente de esqui nos alpes franceses em 2013, o ex-piloto de F-1 Michael Schumacher passou meses em coma e há anos se recupera do trauma. Seu estado de saúde tem sido mantido longe do público desde então

Mas, será possível voltar à vida normal depois de um coma prolongado? Médicos dizem a dura verdade: na prática, o coma é um estado cheio de perguntas sem respostas exatas.

As alterações de consciência podem ser leves ou profundas. Tudo depende da causa do coma, da área afetada do cérebro e da intensidade."

Renato Anghinah, coordenador do Núcleo de Neurologia do Hospital Samaritano de São Paulo

Por definição, coma é quando a pessoa fica inconsciente por disfunção ou lesão cerebral e não é capaz de despertar e responder a estímulos. "O paciente desliga, é a completa falta de respostas", afirma Gisele Sampaio, neurologista do hospital Israelita Albert Einstein.

A situação mostra que há algo errado no sistema nervoso central, o que pode ser resultado de um traumatismo craniano, AVC (acidente vascular cerebral), tumores ou até de problemas metabólicos, como diabetes ou parada cardíaca.

Além disso, também há o coma induzido, quando os médicos escolhem sedar o paciente para proteger o cérebro enquanto tratam uma lesão (que pode ser cerebral ou não). Foi o que houve com o ex-piloto Michael Schumacher.

A área afetada do cérebro e a gravidade vão influenciar no momento em que o paciente pode acordar. Quando o paciente acorda, também não é possível prever quais serão as sequelas.

Existem algumas expectativas, de acordo com Anghinah: "Sequelas ortopédicas são comuns, por desuso muscular. Na maioria das vezes, pacientes com traumatismo desenvolvem problemas na memória, mas cada caso é um caso. Tudo depende de como, quando e onde o cérebro foi atingido".

Diferentes comas

Para se ter uma noção do estado do paciente, análises das capacidades motora, verbal e ocular, ajudam a definir o quadro. No coma profundo, por exemplo, não há respostas e a pessoa pode depender de aparelhos. Também existem níveis em que o paciente reage aos estímulos de dor e faz sons. Quanto mais respostas, mais perto da possível recuperação.

A realidade é que tudo depende. Cada paciente pode apresentar uma dificuldade diferente.

No ES, paciente está em coma há 16 anos

Tenente coronel Jorge Potratz cuida da paciente Clarinha, que está há 16 anos em coma no hospital da Polícia Militar em Vitória, ES Imagem: Divulgação
Um caso que não tem respostas precisa é o de Clarinha, que está internada há 16 anos em coma no hospital da Polícia Militar de Vitória, Espirito Santo. "Ela foi atropelada no dia dos namorados em 2000, foi socorrida e já chegou ao hospital em coma. Não sabemos seu nome real e não encontramos seus parentes", conta tenente-coronel Jorge Potratz.

A paciente tem reações, consegue sentar na cama, quando chamada tem reflexos e responde ao toque, mas não acorda. "Ela tem uma saúde estável, nunca pegou nenhuma infecção mesmo morando no hospital, mas não interage. Passamos esses anos buscando sua família e queríamos encontrá-los para saber mais sobre ela",diz Potratz.

No coma, é certo dizer é que quanto maior a duração, maior o dano cerebral. As chances do paciente vão diminuindo.

Eliane Lannes, do hospital Niteroi D'Or, no Rio de Janeiro

Lannes diz também que é difícil precisar as sensações que o paciente tem. "Os nervos que recebem os estímulos dolorosos podem estar intactos, mas o cérebro danificado pode não processar a informação, assim o paciente não tem consciência das sensações como frio e calor."

O mesmo acontece no caso da audição, o paciente pode estar sem lesões das vias auditivas e escutar a família e a equipe médica, mas não processar a informação, segundo Lannes.

Infelizmente, não há um tratamento específico para fazer com que alguém retorne do coma. "O tratamento é resolver o que causou o coma, se for o AVC, desentupir a artéria. Mas tratamento para o coma não existe, cuidamos da saúde de forma geral e aguardamos as evoluções", explica Sampaio.

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