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Por que a pele nem sempre "volta" quando emagrecemos muito?

Nossa pele, quando emagrecemos muito (e rapidamente), pode não "voltar ao lugar" - IStock
Nossa pele, quando emagrecemos muito (e rapidamente), pode não "voltar ao lugar" Imagem: IStock

André Carvalho

Do UOL, em São Paulo

31/01/2017 04h00

Pessoas que já foram obesas emagreceram muito ou mulheres que já ficaram grávidas sabem, pelo bem ou pelo mal, o que é o turgor da pele, a capacidade de se esticar e retomar à forma original. Mas por que em algumas pessoas a pele "volta" ao normal e em outras ela fica flácida após estes processos de perda de peso?

Alguns fatores são determinantes para isso, e a primeira resposta pode estar em nossos pais. "É o DNA que vai dizer, conforme cada paciente, como será distribuída a quantidade de colágeno. E essa quantidade será diretamente responsável pelo turgor da pele", explica o cirurgião plástico Guilherme Mendes Monteiro.

"Se a pessoa tem pais com histórico de flacidez de pele, ela com certeza terá uma flacidez de pele mais acentuada, mesmo tomando cuidados", diz Monteiro. Isso não significa, claro, que apenas a questão genética influencie na capacidade de voltar à forma original.

Para o cirurgião plástico Bernardo Nogueira Batista, podemos comparar a pele humana com um tecido de lycra. "Se você colocar uma calça de lycra pequena, ela vai se esgarçar e as fibras elásticas se arrebentam."

Segundo Batista, o mesmo acontece com nossa pele. "A gente tem um monte de fibra elástica dentro da pele que é responsável por essa elasticidade. Pessoas que engordam e emagrecem muito, reduzem a capacidade da pele de retrair. E isso vai diminuindo a capacidade elástica de sua pele."

Emagrecimentos rápidos são mais difíceis para a pele

Quando o processo de emagrecimento se dá de uma forma muito rápida, quando como há casos de cirurgia bariátrica, explica Batista, "isso arrebenta mais ainda as fibras da pele e diminui a capacidade da pele de retrair". O emagrecimento "mais controlado", por outro lado, permite ao organismo uma readaptação maior.

"Na realidade, o que acontece com os pacientes que têm o peso aumentado e emagrecem rápido é que a pele entra em um estado de quase desnutrição", explica, cientificamente, Monteiro. "Você tem um certo fluxo sanguíneo, e aí quando você diminui rapidamente esse fluxo, seu corpo começa a consumir demais as gorduras e a pele não tem tempo de se reorganizar sua própria nutrição. Então ela fica malnutrida".

A questão da idade também pesa. "À medida que a gente envelhece, a capacidade elástica da pele também vai diminuindo. Então a mulher que tem filho aos 35, certamente vai ter mais dificuldade em ter uma boa retração do que uma mulher que teve filho aos 20 anos", afirma Batista.

Protetor solar - Shutterstock - Shutterstock
Imagem: Shutterstock

Cuidados para evitar flacidez

Para evitar a flacidez da pele, os cirurgiões ouvidos pela reportagem do UOL afirmam que cuidados básicos como manter uma boa hidratação do corpo, usar protetor solar e não fumar são muito importantes

"Não é um cuidado para ter durante seis meses da gestação, é um cuidado para a vida inteira que vai se transformar em um benefício na hora que você tiver se recuperando", diz Batista.

A questão do tabagismo, segundo Monteiro, tem um papel grande na degradação da pele. "Todos os pacientes que fumam vão ter um certo grau de envelhecimento de pele e vão ter uma desnutrição dessa pele porque o tabagismo causa uma reação inflamatória da microcirculação e entope esses microvasos. E são exatamente esses microvasos que vão lá para a pele."

Aplicações de colágeno, CO² e o uso de hidratante a base de ureia também podem ajudar a manter a pele mais rígida, diz Monteiro.

"Mas elas não substituem os cuidados que você tem que ter com nutrição e a história genética que você tem", adverte.