Menina que viveu em UTI por um ano e 8 meses vai para a casa no RS
Um ano e oito meses depois, uma história que parecia não ter fim para uma famíliado Rio Grande do Sul acabou com um final feliz. Dorothy Holtz é uma garotinha da região metropolitana de Porto Alegre que, desde que nasceu, morou na UTI do Hospital da Criança de Santo Antônio. E nesta segunda-feira, enfim, pôde voltar para casa.
A família descobriu logo na gravidez que Dorothy sofre da Síndrome de Jeune, ou distrofia toráxica asfixiante, que é uma desordem genética que impede a formação do tórax.
Para que a filha pudesse receber alta, os pais de Dorothy, Richard e Cristina Holtz, tiveram que equipar a casa com home care, estrutura que ‘imita’ o que ela tinha na UTI e permite que a filha tenha cuidados especiais, além de acompanhamento de especialistas.
Mas se engana quem pensa que foi fácil para esta estrutura ser montada. A família travou uma longa batalha desde o ano passado com o plano de saúde para conseguir cobertura para custear o home care.
Enquanto não obteve a liminar, a família foi se virando do jeito que pôde para conseguir montar a estrutura necessária para que Dorothy pudesse ficar em casa. Cristina contou que os dois geradores de energia que eles possuem foram doações. Os pais fizeram vaquinha na internet, rifa e venda de camisas - tudo para custear o bem-estar de Dorothy.
A garotinha de 1 ano e 8 meses só foi liberada após a realização de algumas cirurgias para a expansão toráxica com sucesso. “Como ela teve uma recuperação boa, foi constatado que ela teria condições de ter alta, desde que tivesse acompanhamento de home care, ter os equipamentos em casa: o respirador, mais a equipe técnica 24h, acompanhamento de fisioterapeuta, fonaudiólogo, enfermeiro, que fazem as visitas conforme a necessidade”, explicou Cristina ao UOL.
Dorothy cativou todos os funcionários do hospital. A sua saída para casa foi cercada de emoção. A garotinha foi abraçada e beijada por todos os enfermeiros que cuidaram dela durante quase dois anos. Pelas reações, ficou claro que uma família foi formada.
“Minha primeira paciente, aquela que me ensinou a ser a cada dia mais dedicada na minha caminhada como profissional. Foi amor à primeira vista, vendo cada conquista dela...hoje vendo ir para casa, meu coração despedaçou porque não terei mais aquela cara linda todo dia comigo, dançando, mandando beijo, aprontando naquela cama. Mas meu coração se encheu de alegria ao mesmo tempo vendo ir para casa onde vai receber muito amor. Que Deus abençoe sempre você e a seus pais que estiveram contigo lado a lado nesta conquista”, escreveu uma das enfermeiras, Rosângela Martinez, em seu perfil do Facebook.
“Além do profissionalismo, é um pessoal 100% confiável. Você vê assim que são pessoas que sentem um amor que vai além da profissão. É um pessoal que cuida bem, sente quando você não está bem...não tem como a gente não criar vínculo. A Dorothy é uma criança muito carismática. Ela é bem séria, mas tem no olhar algo que cativa as pessoas”, analisou Cristina.
A mãe de Dorothy relembrou com muita emoção do momento em que a filha saiu do hospital. Para ela, agora a família está completa. Cristina sabe que sua garotinha vai ter que voltar em algum momento ao hospital, mas não mostra preocupação com o fato.
“Está sendo programado para ela a próxima expansão toráxica. Depois de passar o inverno, ela retorna ao hospital, faz cirurgia, se recupera, volta para casa e segue a vida. Aí para o hospital mesmo ela só retorna quando tiver fazer novas correções conforme crescer o tórax”, explicou. “A gente tem certeza que em seguida ela vai estar correndo pela casa bem faceirinha”.
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