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Campanha de vacinação chega a "Dia D" com apenas 16% de crianças protegidas

Dia D da campanha de vacinação contra sarampo e poliomielite será neste sábado (18), em mais de 36 mil postos de saúde - Estadão Conteúdo
Dia D da campanha de vacinação contra sarampo e poliomielite será neste sábado (18), em mais de 36 mil postos de saúde Imagem: Estadão Conteúdo

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

18/08/2018 04h00

Mesmo com 1.237 casos confirmados de sarampo e seis mortes em todo o Brasil, apenas 16% das crianças (1,8 milhão) entre 1 e 5 anos se vacinaram às vésperas do chamado “dia D” da campanha de vacinação, marcado para este sábado (18). A programação, que começou no dia 6 de agosto, tem até o dia 31 deste mês para imunizar 11,2 milhões de crianças também contra a poliomielite (paralisia infantil).

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Faltando 14 dias para o fim da campanha, e 9,4 milhões de crianças ainda não receberam a vacina, ou 84% do público-alvo. Para reduzir esse índice, o dia D vai contar com 36 mil postos abertos neste sábado.

O país enfrenta dois surtos de sarampo, em Roraima e Amazonas. Até o dia 14 de agosto, foram confirmadas 910 pessoas infectadas no Amazonas e 5.630 em investigação. Já em Roraima, foram 296 casos confirmados e 101 sob análise. Alguns doentes também foram identificados nos estados de São Paulo (1), Rio de Janeiro (14), Rio Grande do Sul (13), Rondônia (1) e Pará (2). 

Seis óbitos por sarampo --quatro em Roraima (três estrangeiros e um brasileiro) e dois no Amazonas (brasileiros)-- foram confirmados até agora. 

Os serviços de saúde têm até 15 dias, após o final da campanha, para inserir no sistema as informações das doses aplicadas. É de extrema importância que todos os pais e responsáveis levem suas crianças para serem vacinadas

Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações

Entre os estados com melhor cobertura vacinal estão Rondônia, com 45,01% para a pólio e 43,84% para o sarampo, seguido por São Paulo, com 28,35% para pólio e 27,91% para sarampo. Entre as coberturas mais baixas, destacam-se Amazonas, com 3,23% do público-alvo vacinado para pólio e 3,24% para sarampo, e Roraima, com 3,60% (sarampo) e 4,98% (pólio).

Para o sarampo, todas as crianças receberão uma dose da tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba). A exceção é para as que tenham sido vacinadas nos últimos 30 dias, que não precisam de uma nova dose. Em relação à poliomielite, as crianças que ainda não tomaram nenhuma dose serão vacinadas com a VIP (Vacina Inativada Poliomielite), enquanto aquelas que já tiverem tomado uma ou mais doses receberão a gotinha (Vacina Oral Poliomielite).

Algumas prefeituras disponibilizaram a lista dos postos de saúde que estarão abertos neste sábado. As unidades de São Paulo estão em https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/Polio%20e%20Sarampo%201808.pdf.

Sarampo pode levar à cegueira

Quem não toma a vacina corre o risco de sofrer os efeitos colaterais dessas doenças. O sarampo, por exemplo, provoca manchas avermelhadas, febre, tosse, mal-estar, coriza, perda do apetite e manchas brancas na parte interna das bochechas e, frequentemente, a conjuntivite. 

"O que também nos preocupa muito com relação ao sarampo é a mãe que não foi vacinada e se contamina durante a gravidez. Essa transmissão ao feto, por meio da placenta, pode levar o bebê a sofrer alterações da retina, catarata e nervo ótico, levando à possibilidade de cegueira”, explica Marcílio Gomes de Barros, médico do Hospital Oftalmológico de Brasília.

De acordo com o oftalmologista, quando a criança adquire a doença nos primeiros meses de vida, antes de ser vacinada, o risco de cegueira diminui, mas podem ocorrer lesões tão graves na córnea que, em algumas situações, um transplante chega a ser recomendado.

A vacina é a melhor forma de prevenção, eficaz em 97% dos casos. Se o bebê, depois de vacinado, vier a contrair a doença, o risco de sofrer danos oculares é praticamente nulo

Marcílio Gomes de Barros, médico

Adultos devem se vacinar?

De acordo com o Ministério da Saúde, os adultos podem se vacinar, mas a campanha de agosto e o dia D são voltados especialmente às crianças. Com base em informações da pasta, Marco Aurélio Palazzi Sáfadi, diretor do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, afirma que “o indivíduo está adequadamente protegido se tiver entre 12 meses e 29 anos de idade e tiver recebido duas doses da vacina do sarampo com pelo menos um mês de intervalo entre elas”.

Em relação aos indivíduos de 30 a 49 anos, só estão adequadamente protegidos se tiverem recebido, pelo menos, uma dose da vacina contra sarampo. “Já os indivíduos acima de 50 anos nasceram em uma época em que a vacina não era realizada e a grande maioria já teve sarampo”, por isso está imune à doença.

Uma recomendação importante: se você não sabe se tomou a vacina ou se teve sarampo, procure um posto de saúde e vacine-se. É a forma mais eficaz de se prevenir contra a doença

Marco Aurélio Palazzi Sáfadi, diretor do departamento de pediatria

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