Topo

Esse conteúdo é antigo

Governo federal atende Doria e libera R$ 92 mi por conta do coronavírus

João Doria esteve em Brasília hoje; uma das pautas discutidas por ele foi o novo Marco Regulatório do Saneamento Básico - Luciana Amaral/UOL
João Doria esteve em Brasília hoje; uma das pautas discutidas por ele foi o novo Marco Regulatório do Saneamento Básico Imagem: Luciana Amaral/UOL

Alex Tajra

Do UOL, em São Paulo

13/03/2020 13h16

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou que o governo federal atendeu parcialmente seu pedido e liberou R$ 92 milhões para investimentos em saúde pública no âmbito da crise envolvendo o novo coronavírus. A informação foi repassada mais cedo pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a Doria. O governador havia requerido, inicialmente, R$ 250 milhões para políticas públicas relacionadas à covid-19.

"Esse dinheiro será utilizado na ampliação do número de leitos de UTI [Unidade de Terapia Intensiva], como também para aquisição de equipamentos, remédios e suplementos para atendimento da população de São Paulo", afirmou Doria em entrevista coletiva.

Ontem, o governo informou que serão instalados mil novos leitos de UTI (600 na capital e outros 400 espalhados pelo Estado) em São Paulo, todos custeados pelo ministério da Saúde.

O secretário de Saúde, José Henrique Germann, salientou que não há medicamento específico para o coronavírus, e que o dinheiro proveniente do governo federal será aplicado nos remédios que "dão suporte ao tratamento". "Esse valor poderá também nos ajudar em transformar, caso seja necessário, leitos normais em leitos de terapia intensiva", afirmou Germann.

Após o anúncio, Doria foi questionado sobre a política de restrições relacionada à disseminação do vírus. Tanto a cidade de São Paulo quanto o Estado adotaram posição semelhante, de não fechar escolas e universidades e não vetar eventos públicos com grandes aglomerações. A única indicação foi às pessoas com mais de 50 anos, para que evitem esse tipo de evento, conforme dito pelo coordenador do Centro de Contingência do Covid-19 no estado de São Paulo, David Uip.

"Estou absolutamente convicto [de sua posição sobre as restrições]. Não sou governador para tomar atitudes inspiracionais ou de sensibilidade em termos de saúde. Eu ouço, escuto e atendo ao que os especialistas indicam. (...) A crise do coronavírus pode ser debelada no prazo de 60 dias. Nós queremos alcançar o PIB de 3% nesse ano, e nossa meta não foi revista", disse João Doria.

R$ 225 milhões em crédito

Levando em consideração os potenciais prejuízos econômicos que derivam da crise do novo coronavírus, o governo também anunciou R$ 225 milhões em linhas de crédito para micro, pequenas, médias empresas e micro empreendedores. Deste valor, R$ 200 milhões serão disponibilizados pela Desenvolve SP — banco de fomento vinculado ao governo do Estado — e R$ 25 milhões pelo Banco do Povo (esta parcela do dinheiro será retirada diretamente do Tesouro).

"Serão linhas de crédito de até 20 mil reais para estimular o micro e o pequeno empreendedor. É uma reação do governo para estimular a economia [em função do coronavírus]", afirmou Doria, esquivando-se de apresentar um panorama de prejuízos no estado por conta da disseminação da covid-19. Para lidar com este cenário, o governo vai criar uma comissão econômica para monitorar os impactos e as respostas que devem ser dadas para a crise.
As linhas de crédito anunciadas terão taxas de juros reduzidas, prazos para pagamentos e de carência ampliados.

"Esta comissão [econômica, criada pelo governo] também está cuidando da área de financiamento, do crescimento econômico e do aumento da produtividade nesta hora em que é fundamental para compensar qualquer queda em função de assuntos relacionados ao medo da doença, as faltas no trabalho ou ao cancelamento de eventos", disse o secretário da Fazenda do Estado, Henrique Meirelles (MDB).

"É muito importante para o governo se antecipar aos fatos. Já estamos em contato direto com países que estão enfrentando a doença, o secretário de Relações Internacionais [Júlio Serson] tem tido reuniões constantes com países como Itália e China. Estamos absorvendo e tirando vantagem do que já aconteceu naqueles países", completou Meirelles.