"Não posso deixar estragar esse coração", diz carioca que recebeu órgão de alemão morto na Rio 2016
O coração do ex-técnico da equipe alemã de canoagem slalom Stefan Henze, que morreu após sofrer um acidente de carro durante a Olimpíada do Rio de Janeiro no ano passado, está batendo de novo pelo esporte.
A carioca Ivonette Balthazar, 67, recebeu a doação do órgão do medalhista de prata dos Jogos de 2004 após passar 1 ano e 8 meses na fila de transplantes, e agora está pronta para retomar sua vida.
"Antes, a gente quer fazer as coisas, mas vai empurrando para amanhã, e hoje eu estou vendo a coisa de uma outra maneira. Não tem que deixar nada para amanhã. Tem vontade de fazer, faz e faz hoje", disse Ivonette à Reuters.
Após sofrer um infarto em 2012, a aposentada perdeu massa muscular e parte dos movimentos. "Eu tinha 60% do meu coração necrosado. A cama era minha área de conforto", disse.
Agora, pouco mais de um ano após o transplante, Ivonette entrou no processo de reabilitação e participou pela primeira vez de um evento esportivo, uma caminhada de 3 quilômetros na praia de Copacabana, ao lado do neto de 7 anos.
"Hoje a minha meta é fazer cada vez mais. O corpo pede, e eu não posso deixar estragar esse coração", disse Ivonette, que também pretende se aventurar na canoagem, esporte de Henze. "Eu ainda vou pegar uma canoa na lagoa e dar os meus remos."
Para o médico Daniel Kopiler, responsável pela reabilitação cardíaca do Instituto Nacional de Cardiologia, o transplante vai permitir que Ivonette mude sua história de vida.
"Ela vai poder passar a fazer coisas que ela jamais sonhava que pudesse voltar a fazer. Isso graças a uma pessoa que não está mais aqui entre nós", afirmou.
Stefan Henze, 35, que estava no Brasil para os Jogos de 2016, sofreu morte cerebral depois que o táxi em que estava com um companheiro de equipe bateu em uma barreira de concreto a caminho da Vila Olímpica do Rio, em agosto do ano passado.
Após o transplante, Ivonette tentou entrar em contato com a família de Henze para agradecer, e chegou até a enviar uma carta através do consulado alemão.
"Eu estava feliz, minha família estava feliz, mas do outro lado tinha gente sofrendo", disse, acrescentando que tem vontade de conhecer a família do atleta. "Eu teria muita vontade de dar um abraço nessa mãe e nesse pai".
* Reportagem adicional de Sebastian Rocandio.
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