Topo

Como funcionam as casas baratinhas e tecnológicas da Alphabet

Os executivos Will Fleissig e Dan Doctoroff, da Waterfront Toronto e Sidewalk Labs, respectivamente, posam na frente do lago Ontario - Lucas Oleniuk/Toronto Star via Getty Images
Os executivos Will Fleissig e Dan Doctoroff, da Waterfront Toronto e Sidewalk Labs, respectivamente, posam na frente do lago Ontario Imagem: Lucas Oleniuk/Toronto Star via Getty Images

Natalie Wong

30/12/2018 04h00

A cidade digital da Alphabet na orla de Toronto será feita de madeira, aquecida por poços geotérmicos e oferecerá uma série de moradias a preços acessíveis para conquistar um público cético e preocupado com questões de privacidade no empreendimento.

A Sidewalk Labs, a unidade de inovação urbana da Alphabet, a empresa controladora do Google, afirma que cerca de 40% das 2.500 unidades residenciais do empreendimento de 4,9 hectares chamado "Quayside", ou "Cais", terão preços abaixo do mercado e 20% terão preços acessíveis. Pouco mais da metade será construída especificamente para ser alugada.

"Toronto está efetivamente em um estado de pane imobiliária. As pessoas se sentem presas onde estão e não conseguem entrar no mercado, nem como proprietárias, nem simplesmente alugando", disse Jesse Shapins, diretor de assuntos públicos da Sidewalk, em entrevista coletiva, na quinta-feira. "Estamos fechando um compromisso sem precedentes aqui com moradias a preços abaixo do mercado. Nossa abordagem garante na prática uma comunidade de renda mista e esperamos que possa servir de modelo para enfrentar os desafios da habitação em Toronto hoje."

A proposta da Sidewalk surge em meio a uma explosão econômica e de imigração na cidade que aumentou os aluguéis e levou a taxa de desocupação dos apartamentos para alugar a 1,1% e das moradias construídas especificamente para aluguel a 0,5%. Ao mesmo tempo, o projeto da Sidewalk está repleto de controvérsias devido às preocupações a respeito de como as informações coletadas de smartphones, sensores e outros aparelhos serão controladas e protegidas.

A Sidewalk não divulgou nenhum plano adicional para os dados na quinta-feira. A empresa propôs a criação de um trust independente de dados cívicos para supervisionar o controle da informação e defendeu que haja um órgão independente para estabelecer regras de privacidade para o desenvolvimento.

A empresa planeja usar madeira massificada para construir todos os edifícios, que provavelmente terão 30 andares ou menos e serão um misto de espaços residenciais e comerciais, sendo os andares inferiores destinados a áreas de comércio, artes ou comunitárias. Os proponentes da madeira massificada ou madeira engenheirada dizem que o produto é tão forte e resistente ao fogo quanto os que são feitos de aço ou concreto e a Sidewalk afirmou que seu uso no empreendimento pode gerar uma nova indústria no Canadá.

Vou de app! Na briga com o Uber, os táxis não morreram

Confira o especial
A energia dos edifícios será gerenciada por um sistema com inteligência artificial, o que resultaria em um uso 20% menor de energia, e o projeto mira uma redução de 75% a 85% das emissões de gases causadores do efeito estufa com recuperação de calor e tecnologia geotérmica.

Serão gerados mais de 9.000 empregos na província como resultado do processo de construção de edifícios em Quayside, que provavelmente abrigará 3.900 empregos com foco em tecnologia e inovação urbana. A Sidewalk Labs planeja testar tecnologias relacionadas a veículos autônomos em Quayside para se preparar para o futuro dos carros sem motorista.

Os planos ainda precisam ser aprovados pelas partes interessadas do projeto, como a Waterfront Toronto, que é a organização governamental que supervisiona o projeto, a Alphabet e a cidade de Toronto. A Sidewalk Labs encaminhará suas propostas para aprovação na próxima primavera (Hemisfério Norte).