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Itália: bombeiros descartam sinal de vida em hotel atingido por avalanche

19.jan.2017 - Imagem mostra hotel Rigopiano invadido por neve após avalanche em Farindola, na Itália - Italian Finance Police via AP - Italian Finance Police via AP
Imagem: Italian Finance Police via AP

Em Penne

19/01/2017 16h09

Nenhum sinal de vida foi detectado na noite desta quinta-feira (19, tarde no Brasil) nos escombros de um hotel atingido por uma avalanche de neve no centro da Itália, em uma região montanhosa próxima ao local onde na véspera foram registrados vários terremotos, segundo bombeiros que trabalham no local.

Cerca de 30 pessoas, incluindo várias crianças, estavam no hotel Rigopiano no momento da tragédia.

O alerta foi lançado na quarta-feira à tarde, mas os primeiros socorristas só conseguiram chegar ao local durante a madrugada, em razão da forte nevasca e das rajadas de vento.

"A situação é dramática. Não há sinal de vida", declarou o porta-voz dos bombeiros, Luca Cari. A avalanche arrastou destroços e, possivelmente, corpos, por centenas de metros, segundo informou.

Duas pessoas com hipotermia foram resgatadas na parte externa do hotel, enquanto dois corpos foram retirados dos escombros. Os socorristas devem prosseguir com as buscas "durante várias horas", de acordo com uma autoridade da Defesa Civil, Immacolata Postiglione.

19.jan.2017 - Avalanche invade hotel em Faríndola, após terremotos atingirem a Itália - Italian Finance Police via AP - Italian Finance Police via AP
Imagem: Italian Finance Police via AP


"Trabalhamos de maneira muito metódica", explicou aos meios de comunicação Walter Milan, um porta-voz dos socorristas alpinos. Na esperança de encontrar ao menos alguns desaparecidos em bolsões de ar, os socorristas dividiram a área de buscas em "micro-zonas que são analisadas", explicou.

"Ninguém responde aos chamados", reconheceu um dos primeiros socorristas a chegar no local. O hotel ficou "destruído, já não existe mais", acrescentou um bombeiro à AFP.

Giampiero Parete, um dos sobreviventes, havia saído do hotel para buscar remédios em seu carro quando a avalanche chegou. Ele conseguiu entrar no carro, mas não pode fazer mais nada além de esperar pelo resgate.

Ele "chora, chora desesperado, está preocupado por seus filhos, de 6 e 8 anos, e por sua esposa, Adriana", contou Quintino Marcella, restaurador, com quem Parete, de 38 anos, trabalhou durante anos.

"Giampiero me telefonou ontem à noite às 17h40 pedindo ajuda com um tom desesperado. Disse-me 'o hotel desabou'. Imediatamente telefonei para os socorristas", indicou Marcella à agência de notícias Agi, depois de permanecer em contato com seu amigo até cerca de meia-noite.

Imagem aérea mostra hotel na região de Farindola soterrado por neve na Itália após avalanche causada por terremotos - Vigili del Fuoco/Reuters - Vigili del Fuoco/Reuters
Imagem aérea mostra hotel Rigopiano soterrado por neve após avalanche
Imagem: Vigili del Fuoco/Reuters

Situação dramática

Segundo um membro da Defesa Civil, havia 22 clientes, 8 funcionários e 4 outras pessoas no hotel Rigopiano, uma elegante estrutura de três andares com piscina aquecida e sauna situado perto de Farindola, nos Abruzos.

Esta região se localiza a uma centena de quilômetros de Amatrice, abalada na quarta-feira por uma série de terremotos. Era impossível saber no momento se a avalanche foi provocada por um desses terremotos, que foram sentidos inclusive em Roma, situada a 180 quilômetros do epicentro.

Em um tuíte, o jornalista do jornal La Repubblica Corrado Zunino conta que os socorristas estão utilizando cães farejadores nas buscas no interior do hotel.

"Estamos buscando a área da sauna, mas a violência da avalanche espalhou objetos por centenas de metros", escreveu.

"Sem precedentes"

Segundo as previsões, são esperadas nevascas nas próximas 48 horas nas regiões atingidas do centro da Itália e o risco de avalanches cresceu.

"Estamos vivendo uma situação sem precedentes entre uma onda excepcional de fortes nevascas e os terremotos de quarta-feira", reconheceu o chefe de governo italiano, Paolo Gentiloni, que adiantou seu retorno da Alemanha para visitar o centro de operações da Defesa Civil em Rieti.

As condições meteorológicas e a neve, que em alguns pontos alcança os dois metros de espessura, dificultaram o acesso a este local isolado na montanha.

A tragédia ocorreu no mesmo dia em que foram registrados vários terremotos nesta região montanhosa dos Apeninos, castigada há dez dias por uma onda de mau tempo, com fortes nevascas, rajadas de vento e temperaturas particularmente baixas.

Uma pessoa morta foi encontrada entre os escombros de um edifício na comunidade de Castel Castagna, na província de Teramo, segundo dados oficiais.

"Devido ao mau tempo pedimos à população que não saia de suas casas e pelo terremoto que deixe seus lares", reconheceu inconsolável Fabrizio Curcio, responsável dos serviços da Defesa Civil, que precisava enfrentar duas emergências.

As regiões dos Abruzos, Lazio e Marche foram as mais afetadas pelos terremotos do ano passado, que deixaram 300 mortos, assim como desabamentos de edifícios históricos e aldeias inteiras arrasadas.