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Frida Sofía: uma história de esperança coletiva destruída subitamente

22/09/2017 20h07

México, 22 Set 2017 (AFP) - Diante da tragédia do terremoto de 19 de setembro, os mexicanos se agarraram durante dois dias a uma esperança que ninguém soube como surgiu: Frida Sofía, uma menina que esperava ser resgatada entre os escombros, mas que na realidade nunca existiu.

Após o violento terremoto que deixou 286 mortos, centenas de voluntários foram ao Colégio Enrique Rébsamen, na Cidade do México, para retirar montanhas de escombros.

E logo um dos voluntários disse ter escutado a voz de uma criança que dizia se chamar Frida Sofía.

Assim nasceu a lenda que, como notícia, deu a volta ao mundo.

A partir de então, a fábula de Frida Sofía ganhou uma força que só pode ser comparada à lenda de Monchito, a suposta criança que gritava dos escombros de sua casa desabada no terremoto de 19 de setembro de 1985, mas que tampouco existiu.

E os detalhes, embora contraditórios, estimularam esta história.

Disseram que Frida Sofía teria sobrevivido porque se abrigou debaixo da mesa de concreto da cozinha da diretora do colégio que morava ali. Inclusive assegurou que se comunicava com o exterior e disse que estava "muito cansada".

Mas a frágil esperança começou a desaparecer com o duro golpe de um dado: nas listas de alunos da escola havia Sofías e Fridas, mas nenhuma Frida Sofía.

Tampouco havia parentes que esperassem por ela nos arredores.

Finalmente, a Marinha, encarregada dos resgates, acabou com as especulações.

"Temos a certeza de que todas as crianças ou infelizmente faleceram, ou estão nos hospitais, ou estão a salvo em suas casas", declarou Angel Sarmiento, subsecretário da Marinha.

Frida Sofía "não foi realidade", enfatizou Sarmiento, acabando com a ilusão que os mexicanos abraçaram em meio à tragédia.

Aracely Suárez, estudante de Economia de 23 anos, se negava a aceitar que a história tivesse sido desmentida.

"Estava completamente certa de que havia uma criança sob os escombros. Estive levando sais e oxigênio (...). Talvez tenha morrido nas últimas três horas", insistiu à AFP no local do desabamento.

Sarmiento explicou ao fim que tinha provas de que uma pessoa estava sob os escombros, mas não necessariamente uma criança. Nesta sexta-feira o resgate continuava.