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Homem sobrevive graças a transplante de pele do irmão gêmeo

23/11/2017 15h38

Paris, 23 Nov 2017 (AFP) - Um homem que estava com queimaduras em 95% do corpo foi salvo, graças ao transplante de pele de seu irmão gêmeo, uma conquista sem precedentes de acordo com os médicos franceses que trataram o paciente.

"Tinha o braço coberto de tatuagens. Mas a única coisa que restou foi a palavra 'life' (vida)", contou à AFP nesta quinta-feira o paciente, Franck Dufourmantelle, de 33 anos.

"É a primeira vez que realizamos um transplante de pele entre gêmeos em 95% do corpo", anunciou o médico Maurice Mimoun, diretor da unidade de cirurgia plástica no hospital Saint-Louis de Paris.

Até agora, no mundo haviam sido registrados dois casos de transplante entre gêmeos de até 68% da superfície do corpo, segundo o cirurgião.

Em seu estado, a probabilidade de sobrevivência de Franck era quase nula.

"Meu corpo está muito danificado, mas cicatrizei bem. Em meu rosto já quase não se nota, e não sinto mais dor", afirmou.

A vantagem desta pele transplantada é que nunca será rejeitada pelo corpo e, portanto, não precisa de um tratamento imunossupressor, posto que os gêmeos idênticos têm o mesmo capital genético, segundo os médicos.

Em 27 de setembro de 2016, Franck foi internado no hospital após sofrer um acidente trabalhista.

"Eu estava virando [o conteúdo de] um barril em um tonel, quando este explodiu nas minhas mãos, era um produto inflamável. Queimei durante cerca de 15 segundos", lembrou.

Os médicos descobriram que ele tinha um gêmeo homozigoto (do mesmo óvulo). Ele aceitou ceder a pele e salvou a vida do irmão.

- Dez operações -A primeira cirurgia aconteceu sete dias depois da hospitalização de Franck. Os irmãos foram operados ao mesmo tempo, com o objetivo de realizar o transplante de forma imediata. O mesmo aconteceu nos dias 11 e 44 da internação para cobrir a totalidade da superfície queimada.

Franck passou por uma dezena de operações, incluindo os transplantes e intervenções para retirar a pele queimada, tóxica para o organismo, segundo o doutor Mimoun.

A pele do doador foi retirada na forma de "camadas finas" - de 5 a 10 cm de largura - do crânio, que cicatriza rapidamente, em menos de uma semana. Também foi extraída das costas e das coxas, que demoram 10 dias.

No total, 45% da pele obtida foi ampliada em uma máquina como "meias", que foi colocada sobre o corpo queimado.

"As pequenas feridas entre cada malha cicatrizam em 10 dias", disse o cirurgião.

"Meu irmão sofreu muito fisicamente", afirmou Franck. "Mas tudo cicatrizou, ele agora agora tem apenas queimaduras como as de sol em algumas partes do corpo".

Geralmente, pessoas com quase 100% do corpo queimado recebem a pele de um doador falecido, mas esta é sistematicamente rejeitada após algumas semanas e deve ser substituída.

O paciente deixou a unidade de queimaduras do hospital de Saint-Louis em fevereiro, quase cinco meses depois da internação. Permaneceu internado até julho em um centro de reabilitação de Paris.

Franck, que voltou a caminhar, já está em casa e segue um programa de reabilitação.

"É um trabalho de longo prazo", disse. "Minha mão esquerda deveria ter sido removida, mas pôde ser salva. A direita foi menos afetada, posso escrever" e inclusive "consigo fazer algumas jogadas de pingue-pongue".