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Furacão Lane perde força ao se aproximar do Havaí

24/08/2018 00h28

Hawaiian Ocean View, Estados Unidos, 24 Ago 2018 (AFP) - O furacão Lane perdeu força no final da tarde desta quinta-feira e passou à categoria 3, mas ainda avança em direção ao Havaí, ameaçando severamente este estado dos EUA.

As primeiras chuvas torrenciais já causaram deslizamentos de terra que bloquearam ruas na Ilha Grande, onde caíram mais de 300 mm de chuva.

O presidente Donald Trump declarou o estado de emergência no arquipélago, o que permite desbloquear fundos federais.

Lane avança lentamente, a 11 km/h, e com ventos de até 215 km/h. O furacão deve atingir a ilha na madrugada desta sexta-feira.

Seu curso é errático e mutável, mas "o que é certo é que o Havaí será impactado pelo furacão Lane", destacou o chefe da Agência Federal de Gestão de Emergências (FEMA), Brock Long, em uma coletiva de imprensa em Washington.

Ele informou que em Big Island, a primeira ilha do arquipélago que será atingida, foram registrados 305 mm de chuva.

As autoridades antecipam até 760 mm de chuva nas áreas mais afetadas nos próximos dias.

As equipes de emergência instalaram 16 centros de abrigo, e devem abrir mais 19 nas próximas horas.

"Nos preocupa extremamente a possibilidade de inundações terra adentro, deslizamentos e danos à infraestrutura de comunicações e transporte", destacou Long.

A emissora KITV, da ABC, informou que alguns deslizamentos bloquearam rodovias em Big Island.

"Estará muito perto das ilhas havaianas e terá um grande impacto. Não é preciso um contato direto [com o olho] para ter grandes efeitos. Haverá muita chuva em todas as ilhas nos próximos dias", destacou Steve Goldstein, do Serviço Nacional de Meteorologia (NWS).

Os furacões raramente tocam o solo no Havaí, onde a última grande tempestade a atingir o estado registrou-se há quase três décadas, quando o furacão Iniki chegou à ilha de Kauai, deixando seis mortos e causando danos estimados em bilhões de dólares.

Trump exortou os moradores do arquipélago a se prepararem para a chegada de Lane, enquanto a Marinha americana informou que está deslocando alguns de seus navios e submarinos para evitar que fiquem presos no porto quando o furacão chegar.

- Preparados para o pior -O governador David Ige já tinha declarado na terça-feira estado de emergência a fim de contrabalançar os danos que o furacão possa causar. Também determinou o fechamento das escolas públicas.

"O furacão Lane não é um furacão de bom comportamento", advertiu em um comunicado. "Não havia visto mudanças tão dramáticas em um prognóstico como vi com esta tempestade".

Moradores bloquearam janelas com tábuas de madeira e lotaram os mercados em Ocean View e outras cidades para comprar água, comida e insumos de emergência à medida que a tempestade se aproximava.

Longas filas também foram reportadas em alguns postos de gasolina para abastecer carros e encher botijões de gás para cozinhar, como visto em um estabelecimento em Haleiwa, na costa norte de Oahu.

"Os últimos dias foram assim, têm sido bem movimentados", disse à AFP o funcionário deste posto. "Todo mundo está em pânico neste momento, abastecendo, enchendo galões com gasolina e botijões com gás".

Outros decidiram aproveitar as horas antes da chegada de Lane para surfar, constatou um fotógrafo da AFP em Waikiki.

A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), órgão meteorológico do governo americano, destacou que a movimentação lenta de Lane pode provocar um aumento "grande e nocivo" da maré nas costas ao sul e oeste.

O nível do mar nestas áreas deve estar entre 60 e 120 cm acima dos níveis normais, gerando "ondas maciças e destrutivas".

A FEMA - que já mobilizou 150 efetivos no arquipélago - destacou que encara a situação como se fosse um furacão de categoria superior sob a premissa de se preparar para o pior.

No ano passado, Maria, um furacão de categoria 4, varreu Porto Rico, deixando um balanço estimado, segundo um estudo independente, de 4.600 mortos, devido à falta de acesso a médicos em zonas isoladas pelo bloqueio de rodovias ou afetadas pelos cortes de energia elétrica, que em muitas regiões se estenderam por um ano.

O governo da ilha, estado livre associado dos Estados Unidos, reportou 1.427 vítimas ao Congresso.