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Senador John McCain decide abandonar tratamento contra o câncer

O senador republicano John McCain durante entrevista no Capitólio, em Washington - J. Scott Applewhite/AP
O senador republicano John McCain durante entrevista no Capitólio, em Washington Imagem: J. Scott Applewhite/AP

Em Washington

24/08/2018 12h26

O senador John McCain, importante figura da vida política norte-americana, decidiu abandonar o tratamento contra um câncer no cérebro, detectado há um ano.

A família do senador republicano de 81 anos fez o anúncio desta decisão por meio de um comunicado, provocando uma avalanche de mensagens de simpatia aos Estados Unidos. Ele era tratado desde julho de 2017 de um glioblastoma, uma forma agressiva de câncer com baixa taxa de sobrevida.

"Há um ano, John superou as expectativas de sobrevida, mas o avanço da doença e o envelhecimento inexoráveis deram seu veredicto. Com sua habitual determinação, ele decidiu pôr fim a seu tratamento médico", escreveu a família McCain.

O texto não informa sobre o atual estado de saúde do congressista, mas o abandono do tratamento significa que o paciente perdeu a esperança de cura.

McCain, um herói da guerra do Vietnã, é senador republicano pelo estado do Arizona e disputou as primárias para uma indicação à disputa presidencial em 2000, perdendo para George W. Bush.

"Se desistir do tratamento, provavelmente terá apenas algumas semanas de vida", explicou à AFP John Boockvar, especialista em tumores cerebrais do Hospital Lenox Hill, que não tratou John McCain pessoalmente.

O médico ressalta que o tempo de sobrevida habitual após o diagnóstico de glioblastoma é de 12 a 15 meses. Nesse ponto, os pacientes percebem que o tratamento não é mais eficaz e passam para os cuidados paliativos.

Há meses, amigos e colegas o visitam para se despedir, sabendo que o fim se aproxima.

"Nós não poderíamos ter ido tão longe sem você. Você nos deu força para continuar", tuitou sua filha Meghan McCain.

"Eu amo meu marido com todo o meu coração", tuitou Cindy McCain, sua mulher. "Que Deus abençoe todos os que cuidaram do meu marido."

John McCain não renunciou ao Senado, mas não comparecia às sessões desde dezembro de 2017. Apenas algumas fotos, em sua casa ou passeando, foram publicadas desde seu diagnóstico.

Desprezo por Trump

Apesar da doença, ele se manteve relativamente ativo politicamente. Em 2017, ele desafiou o presidente Donald Trump, por quem jamais escondeu seu desprezo, votando contra a sua reforma da saúde.

O senador criticou Trump várias vezes abertamente, chamando de "desinformado" e "impulsivo".

E em suas memórias publicadas em maio de 2018, "The Restless Wave", denunciou novamente a aparente simpatia do presidente americano pelo russo Vladimir Putin.

McCain chegou a ser punido pela Rússia em retaliação às sanções de Washington, motivo de orgulho para o senador, que costumava fazer piadas sobre isso.

John McCain, filho e neto de almirantes, foi primeiro piloto de caça, engajado na Guerra do Vietnã, onde foi ferido e preso por mais de cinco anos. Ele foi torturado por seus captores e durante toda a sua carreira política se opôs ferozmente à tortura, denunciando a CIA por suas práticas de interrogatório sob a presidência de George W. Bush.

Ao retornar aos Estados Unidos após o final da Guerra do Vietnã, foi eleito para a Câmara de Representantes e depois como senador em 1986, um assento que ocupa desde sua última reeleição em novembro de 2016.

Donald Trump ainda não reagiu à notícia.

"O senador John McCain é um combatente, literal e figurativamente. A um homem exemplar e uma família amorosa, nós pensamos em você", tuitou o jovem democrata Joe Kennedy III.

"John McCain encarna aquele que serve ao seu país", disse Paul Ryan, o presidente republicano da Câmara dos Representantes.