Regime sírio anuncia reconquista do último reduto do Estado Islâmico
O regime sírio anunciou neste sábado (17) a reconquista do último reduto do Estado Islâmico (EI) no sul do país, enquanto no leste a coalizão antijihadista liderada pelos Estados Unidos matou ao menos 43 pessoas em bombardeios.
As forças do regime conquistaram a aldeia de Tlul al Safa, após intensos bombardeios, explicou a agência Sana.
Tlul al Safa era o último enclave do grupo entre Damasco e a província de Sweida.
O governo agora controla a região, "após a retirada dos combatentes do EI para o leste, para a Badiya (deserto)", explicou Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Entre 700 e 1000 jihadistas conseguiram fugir desse reduto "após um acordo com o regime (sírio)", explicou o responsável do OSDH.
Desde o fim de julho, os confrontos no sul provocaram a morte de 245 soldados e combatentes e 425 jihadistas, segundo cálculos do Observatório.
Os jihadistas do Estado Islâmico tinham conquistado em 2014 amplos setores do território sírio, que Damasco reconquistou progressivamente até isolá-los em alguns setores do sul e do leste.
Dezenas de mortos
Esta vitória reduz ainda mais o controle de territórios do Estado Islâmico na Síria a um único foco no leste do país, onde as Forças Democráticas Sírias (FDS), aliança curdo-árabe apoiada pelos Estados Unidos, lançou uma ofensiva.
Neste sábado a coalizão antijihadista de Washington bombardeou a localidade de Abu el Hosn, na província de Deir Ezoor, controlada pelo Estado Islâmico.
"Ao menos 36 civis, entre eles 17 crianças, morreram em bombardeios da coalizão antijihadista no povoado de Abu el Hosn", indicou à AFP Rami Abdel Rahman.
Também informou que sete outras pessoas morreram, embora não se saiba no momento se são civis ou combatentes.
"Este é o maior balanço desde que as Forças Democráticas Sírias iniciaram uma ofensiva, em 10 de setembro", contra o último foco de resistência do Estado Islâmico nesta área fronteiriça do Iraque, afirmou Abdel Rahman.
A coalizão liderada por Washington intervém em apoio aos combatentes turcos e árabes das FDS. No sábado confirmou ter bombardeado o setor de Abu el Hosn mas negou que o ataque estivesse dirigido contra os civis.
"Nenhuma vítima civil está relacionada a estes bombardeios", disse à AFP o coronel Sean Ryan, porta-voz da coalizão.
"Nossa prioridade absoluta é evitar perdas civis quando realizamos ataques aéreos contra alvos militares legítimos", acrescentou.
Na terça-feira, pelo menos 38 pessoas, principalmente parentes de jihadistas, incluindo 13 crianças, foram mortas em atentados contra a coalizão na cidade de Al Shaafa, no mesmo setor.
Desde o início da ofensiva em setembro, 234 civis, dos quais 82 crianças, morreram devido a ataques da coalizão, segundo o OSDH.
'A luta continua'
A intensificação dos ataques aéreos desde a semana passada é paralela à retomada no domingo, após uma pausa de dez dias, da ofensiva terrestre das FDS contra os redutos jihadistas, onde as cidades de Hajin, Sussa e Al Shaafa estão localizadas.
"As operações continuam e há progresso no terreno nos últimos dias", disse à AFP Redur Jalil, comandante da FDS. "Mas os combatentes das FDS avançam cuidadosamente através dos campos minados, valas e túneis construídos pelos jihadistas", acrescentou.
A ofensiva antijihadista tinha sido suspensa em reação ao bombardeio turco de posições militares curdas no norte da Síria.
Alguns dias antes, as FDS tinham enviado 1.700 combatentes de reforço às proximidades de Hajin, depois de sofrer inúmeras derrotas.
"A luta contra o EI continua", diz o coronel Sean Ryan, mas torna-se mais "difícil" porque os jihadistas usam "cidadãos como escudo humano (...) e locais de culto e hospitais" como posições militares.
Segundo ele, houve 150 ataques contra um setor no leste do rio Eufrates, onde quase 2.000 jihadistas estão entrincheirados.
O conflito na Síria começou em 2011 com a repressão de manifestações pacíficas pelo regime de Bashar al-Assad.
A participação de países estrangeiros e grupos jihadistas complicou o conflito, que até agora deixou mais de 360 mil mortos e milhões de deslocados e refugiados.
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