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Bolsonaro afirma que 'racismo é algo raro no Brasil'

08/05/2019 17h13

Rio de Janeiro, 8 Mai 2019 (AFP) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou em entrevista a um programa de televisão que o racismo "é uma coisa rara" no Brasil, apesar dos evidentes exemplos de discriminação sofrida pelas pessoas negras.

Em conversa exibida na noite de terça-feira no programa Luciana By Night, com a apresentadora Luciana Gimenez, Bolsonaro tentava se defender de seus detratores, que o acusam de ser racista, machista e homofóbico.

"Essa coisa do racismo, no Brasil, é coisa rara. O tempo todo jogar negro contra branco, homo contra hétero, desculpa a linguagem, mas já encheu o saco esse assunto", afirmou na entrevista exibida na Rede TV.

"Parece que sou uma pessoa assim: Homofóbico, racista, fascista, xenófobo. E ganho a eleição... Com esse currículo todo, não era nem para se eleger vereador em nenhum lugar do Brasil", disse o chefe de Estado, que foi deputado durante cerca de 30 anos, depois de ter sido capitão do Exército.

Para tentar provar que não é racista, Bolsonaro relembrou um episódio de 1978, quando era soldado e salvou um colega negro que caiu um lago durante um treinamento. "Fui la e salvei esse cara. Por coincidência, é negro".

"Se eu fosse uma pessoa racista, o negão caiu dentro da água, eu iria fazer o quê? Iria cruzar os braços", afirmou o presidente, que diz ter recebido uma medalha do Exército por ter arriscado a vida para salvar a de outra pessoa.

A desigualdade social no Brasil é ainda mais acentuada entre a população negra, segundo estatísticas oficiais, apesar de existirem algumas políticas como o sistema de cotas, que permitiu a entrada de muitos negros na universidade, um espaço tradicionalmente reservado às elites.

Em média, os brancos têm salários maiores e sofrem menos com o desemprego, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar de 54% dos brasileiros se autodefinem como negros ou mestiços, as pessoas com essa cor de pele ocupam apenas 5% dos cargos executivos nas empresas e menos de 25% das cadeiras na Câmara de Deputados.

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