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Ministros da extrema-direita vão abandonar governo após escândalo na Áustria

20/05/2019 11h05

Viena, 20 Mai 2019 (AFP) - O Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ), de extrema-direita, declarou nesta segunda-feira estar pronto para retirar todos os ministros da coalizão com os conservadores após a transmissão na sexta-feira de um vídeo em que seu líder Heinz-Christian Strache negociava contratos públicos com a Rússia.

O chanceler conservador Sebastian Kurz deve anunciar até o meio-dia a demissão do controverso ministro do Interior Herbert Kickl (FPÖ), cuja posição ele considera incompatível com o desenvolvimento das investigações sobre o vídeo.

Mas esta medida resultará na saída de todos os ministros do FPÖ do governo, alertou Norbert Hofer, ministro dos Transportes e novo líder do partido advertiu na segunda-feira.

"Vamos deixar nossos cargos se o ministro do Interior, Herbert Kickl, for forçado a sair", disse Hofer em entrevista coletiva em Viena, ressaltando que "não há nada a se reprovado".

Sebastian Kurz anunciou no sábado eleições antecipadas no país, após o escândalo que levou à saída de seu número dois, o líder da extrema-direita Heinz-Christian Strache.

Horas antes, seu vice-chanceler, de 49 anos, havia informado sua renúncia.

A decisão foi tomada após revelação feita pela imprensa de um vídeo, no qual promete contratos públicos à suposta sobrinha de um oligarca russo em troca de verbas para a campanha eleitoral.

- Ibiza -O "caso Ibiza" veio à tona quando a revista alemã "Der Spiegel" e o jornal "Suddeutsche Zeitung" publicaram na sexta-feira em seus sites fragmentos de uma gravação com câmera oculta de uma reunião que teria acontecido meses antes das eleições parlamentares de 2017 na Áustria.

Foi quando o FPÖ chegou ao poder.

Nas imagens, aparecem o vice-chanceler Strache e Johann Gudenus, líder da bancada parlamentar do FPÖ, conversando com uma mulher que diz ser sobrinha de um oligarca russo.

Os três falam sobre como investir dinheiro na Áustria, especificamente para controlar o jornal de maior tiragem do país, o "Krone Zeitung".

A conversa envolve, principalmente, a participação acionária no poderoso jornal austríaco.

Strache sugere que, sob uma nova direção, o Krone poderia ajudar o FPÖ em sua campanha eleitoral. Também diz à mulher que seu grupo poderá ter acesso a contratos públicos.

Strache afirma que não haverá resistência na redação do "Kronen Zeitung", porque "os jornalistas são os maiores prostituídos do planeta".

- Rússia nega -O Kremlin afirmou que a Rússia não tem nada a ver com o escândalo político na Áustria.

"É uma história que não tem nada a ver e que não pode ser relacionada conosco de forma alguma", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, após ser questionado sobre o escândalo na Áustria.

"Não posso expressar minha opinião sobre o vídeo porque não tem nada a ver com a Rússia, nem com o presidente nem com o governo. Não sabemos quem é essa mulher, mesmo que ela seja de nacionalidade ou de origem russa", acrescentou Peskov.

Igor Makarov, o oligarca citado no vídeo, disse no domingo que é filho único e que não conhece ou não tem parentesco com a mulher que se apresenta como sua sobrinha, em declarações feitas à edição russa da revista Forbes.

phs/ra/AL/cn