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Bye bye, Bei Bei: Washington diz adeus a seu amado panda

14.nov.2019 - Panda Bei Bei comendo bambu no Zoológico Nacional, em Washington - Jim Watson/AFP
14.nov.2019 - Panda Bei Bei comendo bambu no Zoológico Nacional, em Washington Imagem: Jim Watson/AFP

Em Washington

18/11/2019 09h14

Ele nasceu em Washington e deu seus primeiros passos na capital dos Estados Unidos, mas com quatro anos, chegou a hora de voltar para casa, China.

Bei Bei, o último jovem panda do Zoológico Nacional, deixará Washington amanhã a bordo de um avião da FedEx especialmente equipado para a ocasião, conforme planejado antes mesmo de seu nascimento.

É assim que são os rigorosos padrões da chamada "diplomacia do panda".

Nos últimos dias, crianças com casacos e gorros - para se proteger do frio - se alinharam em frente ao jardim dos pandas no zoológico para se despedir, muitas delas com cartazes dizendo "Bye, bye, Bei Bei".

O Zoológico Nacional organizou uma semana inteira de eventos para se despedir de Bei Bei, nome que significa "tesouro precioso" em mandarim.

Alheio à fama, Bei Bei continua tranquilamente mastigando seu bambu.

Marty Dearie é um dos seus cuidadores. Ele o viu nascer em agosto de 2015 através da "câmera panda", que grava os pandas gigantes no zoológico 24 horas por dia.

Bei Bei, que agora pesa 114 quilos, viveu até então com seus pais, Tian Tian e Mei Xiang.

"Nosso trabalho tem sido prepará-lo para a viagem para a China a partir do momento em que ele nasceu", explica Dearie à AFP.

"Faz parte do contrato de empréstimo", diz ainda.

A "diplomacia do panda" da China evoluiu ao longo dos anos. Há um tempo atrás, Pequim dava pandas a nações amigas, mas agora que são considerados ameaçados de extinção, ele são emprestados a zoológicos em todo o mundo.

Quando um panda faz quatro anos, ele é repatriado para cruzar com outros animais em santuários na China.

Os irmãos de Bei Bei, Tai Shan e Bao Bao, já retornaram à China. Enquanto isso, seus pais permanecerão no zoo de Washington pelo menos até dezembro de 2020, quando um novo acordo for negociado.

Embora as condições estivessem claras desde o início, Dearie sofre ao ver Bei Bei partir. "Estou certo de que no dia da viagem de Bei Bei vou derramar algumas lágrimas", confessou.

Mel e cana

Trasladar um panda gigante para outro continente não é uma tarefa fácil. Por várias semanas, os cuidadores de Bei Bei o treinaram para sentar na gaiola, onde ele viajará para a China em um voo direto de 16 horas.

Um cuidador e um veterinário vão viajar com ele.

E o zoológico preparará refeições para a viagem, já que todos os pandas comem constantemente.

"Provavelmente serão ao menos 15 a 20 quilos de bambu. Também maçãs, cenouras. Provavelmente um pouco de cana, além de mel e biscoitos", explicou Dearie.

A FedEx pagará pelo voo e pela adaptação especial do Boeing 777, chamado "Panda Express" para a ocasião.

"Bei Bei e sua bagagem serão a única remessa a bordo do avião", disse a porta-voz da FedEx Rae Lyn Rushing.

Tanto o público quanto seus cuidadores acompanharam Bei Bei em momentos importantes: seus primeiros passos, uma operação em 2016 e agora próxima partida.

O nome de Bei Bei foi revelado em uma cerimônia em 2015 pela então primeira dama americana Michelle Obama e Peng Liyuan, esposa do presidente chinês, Xi Jinping.

Além de serem adorados em todo o mundo, os pandas se tornaram uma ferramenta política de extremamente bem sucedida para a China, segundo Liselotte Odgaard, especialista do Instituto Hudson.

"Especialmente agora, quando tantas histórias negativas sobre a China são ouvidas, e Washington está no meio de uma guerra comercial com Pequim", eles usam os pandas como uma espécie de contrapeso para de alguma forma fazer o público em geral pensar bem na China", explicou Odgaard.

Obviamente, também é uma ferramenta lucrativa, pois os zoológicos pagam à China milhões de dólares por ano por seus pandas, o que atrai hordas de visitantes.