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Haftar convoca mobilização geral contra intervenção militar turca na Líbia

03/01/2020 21h55

Bengasi, Líbia, 4 Jan 2020 (AFP) - O marechal Khalifa Haftar, que tenta conquistar a capital da Líbia desde 4 de abril, convocou uma "mobilização geral" e uma "jihad" na noite desta sexta-feira contra uma possível intervenção militar da Turquia no país em apoio ao Governo da Unidade Nacional (GNA), com sede em Trípoli.

"Aceitamos o desafio e declaramos jihad e mobilização geral", disse o líder do leste da Líbia em discurso transmitido pela televisão.

De uniforme militar, o marechal Haftar exortou "todos os líbios" a pegar em armas, "homens e mulheres, militares e civis, para defender nossa terra e nossa honra". "Vamos fortalecer as fileiras e deixar de lado nossas diferenças", afirmou.

"O inimigo está reagrupando forças para invadir a Líbia e oprimir nosso povo" e encontrou "entre os traidores que assinaram um acordo de submissão, humilhação e vergonha", declarou, referindo-se a um pacto firmado em novembro entre Ancara e o GNA.

O Parlamento turco autorizou nesta quinta-feira o presidente Recep Tayyip Erdogan a enviar militares à Líbia para dar apoio ao governo de União Nacional (GNA), reconhecido pela ONU e aliado da Turquia, cujas tropas combatem as forças de Haftar.

Desde abril, as forças pró-GNA mantêm suas posições ao sul da capital, onde os combates estão concentrados.

Não se trata apenas de "libertar Trípoli" das milícias que o controlam, mas "confrontar um colonizador" que quer "recuperar o controle da Líbia", a antiga província do Império Otomano, disse o marechal.

Dirigindo-se ao povo turco "amigo", ele pediu uma revolta contra o presidente Erdogan, a quem chamou de "aventureiro tolo", que arrasta seu exército "até a morte" e acende o fogo da discórdia entre muçulmanos e o povo da região "para satisfazer seus caprichos".

Imersa no caos desde a queda do regime de Muammar Kadafi em 2011, a Líbia está sob o controle de duas autoridades que disputam o poder: o GNA, apoiado pela ONU, e um governo e um parlamento no leste, nas mãos do marechal Haftar.

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