Coronavírus permanece em quartos e banheiros
Washington, 4 Mar 2020 (AFP) - Uma pesquisa publicada nesta quarta-feira em Singapura revela que os pacientes com o novo coronavírus contaminam amplamente seus quartos e banheiros, o que exige uma limpeza rotineira das superfícies de alto contacto, pias e privadas.
O trabalho conclui ainda que o vírus pode ser eliminado com a limpeza destas superfícies duas vezes ao dia, com o uso de um desinfetante comum, o que sugere que as medidas atuais são suficientes se corretamente observadas.
A pesquisa foi publicada no Journal of the American Medical Association (JAMA) e ocorre após o novo coronavírus se propagar rapidamente na China através dos hospitais, infectando dezenas de profissionais de saúde e pacientes.
A alta propagação levou os pesquisadores a acreditar que, além da transmissão pela tosse e o contato, a contaminação ambiental era um fator importante na transmissão da doença, mas seu alcance não estava claro.
Pesquisadores do Centro Nacional de Doenças Infecciosas de Singapura e dos Laboratórios Nacionais (DSO) analisaram os casos de três pacientes mantidos em isolamento entre o final de janeiro e início de fevereiro.
O estudo analisou amostras dos quartos de isolamento durante duas semanas e comparou o local de um paciente antes da limpeza de rotina com as habitações de outros dois pacientes submetidas a medidas de desinfecção.
O paciente cujo quarto foi analisado antes da limpeza apresentava apenas sintomas leves, enquanto os outros dois tinham sintomas moderados, com tosse e febre.
Apesar desta diferença, o paciente cujo quarto foi analisado antes da limpeza contaminou 13 dos 15 pontos verificados, incluindo sua cadeira, a varanda, a janela de vidro, o chão e os interruptores de luz.
Em três dos cinco quartos verificados o banheiro também estava contaminado, incluindo a pia, a maçaneta da porta e o vaso sanitário, e se encontrou evidência de que as fezes podem ser uma rota de transmissão.
Os testes com o ar deram negativo, mas as amostras das saídas de ar apresentaram o vírus, o que sugere que gotas contaminadas podem ser transportadas pelo ar e depositadas nos tubos de ventilação.
"A contaminação ambiental significativa de pacientes com SARS-CoV-2 através de gotas respiratórias e excreção fecal sugere que o meio ambiente é um meio potencial de transmissão, o que apoia a necessidade de uma estrita observação da higiene ambiental e das mãos", destacam os autores do estudo.
O novo vírus, que foi identificado pela primeira vez na província chinesa de Hubei, em dezembro, já infectou mais de 95 mil pessoas, em 81 países e territórios, matando cerca de 3.200.
A Organização Mundial de Saúde informou nesta quarta-feira que a taxa de mortalidade do novo coronavírus é de 3,4%, revisando para cima estimativas anteriores.
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