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Wall Street reabre suas portas em um mundo que tenta retomar a economia

26/05/2020 16h49

Nova York, 26 Mai 2020 (AFP) - Da emblemática Bolsa de Nova York, em Wall Street, até a Basílica da Natividade, em Belém, vários locais de relevância global reabriram suas portas nesta terça-feira (26), percebendo que a economia global está começando a ser retomada após o paralisação por causa da pandemia.

Dois meses de portas fechadas e confinamentos em todo o mundo para conter a disseminação do novo coronavírus causaram um golpe devastador às empresas, principalmente nos setores de comércio, viagens e turismo.

No entanto, os índices de Wall Street subiram depois que o sino começou o dia de negociação no pregão da NYSE, o mercado de Nova York fechado do final de março até hoje, operando apenas virtualmente.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que defende a reabertura econômica no país com mais mortes pela pandemia no mundo, comemorou no Twitter: "O mercado de ações sobe MUITO, o DOW (Jones) cruzou 25.000 (pontos) O S&P 500, mais de 3.000. Os estados devem abrir o mais rápido possível. A transição para a grandeza começou mais cedo do que o previsto".

Trump pressiona os governadores a reverterem suas medidas de bloqueio, apesar de o número de mortos no país pelo novo coronavírus ter chegado a 98.223, o mais alto do mundo.

Outras economias da Ásia e da Europa já passaram pelo pior da epidemia, mas ainda estão saindo lentamente do confinamento.

Para muitos países, incluindo Itália e Espanha, a temporada de verão será fundamental para salvar o que resta da indústria do turismo. Embora o foco da pandemia tenha mudado para a América Latina, o novo coronavírus continua a se espalhar.

O Brasil se tornou o sexto país do mundo com mais mortes por COVID-19 (23.473) e o segundo com os casos mais confirmados (375.000), atrás somente dos Estados Unidos.

No Brasil, assim como no Peru e no Chile, a transmissão da doença "ainda está acelerando", alertou a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) nesta terça-feira, pedindo que os países não relaxem as medidas para conter a pandemia na região.

- 5,5 milhões de contágios -Nesta terça-feira, o número global de casos por COVID-19 saltou para 5,5 milhões. Esse número compreende mais de dois terços na Europa e nos Estados Unidos, de acordo com uma contagem da AFP com base em fontes oficiais.

O número de casos notificados no mundo dobrou em um mês e, em particular, mais de um milhão de novos foram registrados nos últimos 11 dias.

O número de mortos chegou a 346.188, principalmente na Europa (172.824) e nos Estados Unidos (98.223).

Singapura, o centro financeiro da Ásia, alertou na terça-feira que sua economia pode encolher em até 7% este ano.

Enquanto isso, os líderes da União Europeia devem anunciar um pacote de recuperação de trilhões de euros sem precedentes nesta quarta-feira.

O vírus também teve um imenso impacto político, e não apenas nos Estados Unidos, onde Trump é questionado em meio à campanha de reeleição em novembro, e cada vez mais prejudica o relacionamento com a China, onde a doença foi detectada pela primeira vez em dezembro.

O governo do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, também está em crise. Um ministro renunciou depois que o assessor-chefe da Downing Street, Dominic Cummings, se recusou a se desculpar por circular com sua família pelo país, apesar do confinamento recomendado.

- Polêmica sobre a cloroquina -As polêmicas também se concentraram nos testes para encontrar uma solução. Apesar da decisão da OMS de suspender os ensaios com hidroxicloroquina, os Estados Unidos e o Brasil mantiveram a recomendação de usar a medicação.

Trump promoveu fortemente o uso da hidroxicloroquina como um tratamento potencial para o novo coronavírus, e até alegou que estava tomando o medicamento para evitar o contágio.

Jair Bolsonaro também promove seu uso. O presidente brasileiro é um forte opositor das medidas de confinamento e, assim como Trump, minimizou a gravidade do novo coronavírus.

A decisão foi tomada pela OMS após um estudo constatar que a cloroquina e seus derivados são ineficazes e até contraproducentes no tratamento contra o Sars-Cov-2.

Segundo o estudo publicado pela revista The Lancet, essas moléculas aumentam o risco de morte e de arritmia cardíaca.

- Com ilusão, mas sem turistas -A abertura de alguns dos destinos mais visitados e simbólicos do mundo contribuiu com otimismo nesta fase de gradual desconfinamento.

Em Belém, a Basílica da Natividade, onde os cristãos acreditam que Jesus nasceu, reabriu após mais de dois meses.

Na Itália, que foi o epicentro mundial de contágios, as ruínas da cidade romana de Pompeia também foram reabertas. O local atraiu quatro milhões de visitantes no ano passado. Agora, apesar da reabertura, os estrangeiros ainda estão proibidos de viajar para a Itália até o próximo mês.

"Somos apenas nós, os guias e os jornalistas", suspirou Valentina Raffone, 48 anos, que disse sentir "um vazio" no local semideserto.

O ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi di Maio, disse que trabalha com colegas da UE para fixar em 15 de junho a data para os Estados-membros reabrirem suas fronteiras e regiões turísticas.

Outros países como a Rússia ainda não sentem alívio. Nesta terça-feira, o país registrou seu maior número de mortes diárias por coronavírus, com 174, apesar de ter relatado que mais de 12.000 pessoas também haviam se recuperado nas últimas 24 horas. No total, a Rússia soma 3.807 mortes e 362.342 casos, o terceiro maior número de infecções no mundo.

- LATAM pede recuperação judicial -A pandemia, que se espalha pela América Latina e no Caribe, com cerca de 769.000 casos e mais de 41.000 mortes. Atrás do Brasil, os outros países mais afetados são México (7.633 mortes), Peru (3.629) e Equador (3.203).

A crise da saúde e a decorrente paralisia econômica também geram nesta parte do mundo um aumento da tensão na população, além de afetar duramente as empresas.

A LATAM, a maior companhia aérea da América Latina, entrou com pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos nesta terça-feira, devido à drástica queda na atividade da empresa. Antes da pandemia, a LATAM voava para 145 destinos em 26 países e fazia cerca de 1.400 voos diários.

As ações da empresa despencaram na bolsa de Santiago, e o governo chileno anunciou que avalia seu resgate.

No México, o presidente Andrés Manuel López Obrador considerou que a crise econômica resultante da pandemia causará a perda de um milhão de empregos em 2020.

Seu colega chileno, Sebastián Piñera, declarou que o sistema de saúde está "perto do limite", enquanto na segunda-feira cerca de 5.000 casos foram registrados no país em 24 horas - um recorde.

Na Argentina, o isolamento social vai durar até 7 de junho, o que levou cerca de 150 pessoas a protestarem no centro de Buenos Aires. O governo decidiu estender o confinamento, devido a uma rápida aceleração dos contágios, que aumentaram cinco vezes em duas semanas na capital e nos subúrbios.

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