Editor do New York Times renuncia após polêmica sobre Exército em protestos
O chefe da seção Opinião do New York Times renunciou ao cargo depois de ter recebido críticas de seus próprios colegas de redação por ter publicado uma coluna. O texto, assinado por um senador republicano, pedia a mobilização militar para enfrentar os protestos.
James Bennett, responsável pelas páginas de editorial e opinião do jornal desde maio de 2016, defendeu a coluna intitulada "Mandem o Exército", do senador Tom Cotton.
Bennet argumentou que o artigo era um exemplo do compromisso do jornal com a diversidade ideológica, palavras que geraram revolta dentro e fora da redação.
Cotton pede em seu texto "uma demonstração extraordinária de força para dispersar, deter e finalmente dissuadir os infratores da lei", como resposta aos protestos contra o racismo, que ocorrem desde o fim de maio nos Estados Unidos, após a morte de George Floyd, um cidadão negro, nas mãos de um policial branco.
Cerca de 800 funcionários do jornal assinaram uma petição em protesto contra a publicação da coluna. Muitos tuitaram: "Fazendo isto, põe-se em risco o pessoal negro do NY Times".
A.G. Sulzberger, dono do jornal, defendeu a princípio a decisão de publicar a coluna, mas depois disse que o texto não possuía os padrões exigidos pelo New York Times.
Bennet admitiu, mais tarde, que não havia lido o texto antes da publicação.
Neste domingo, Sulzberger considerou Bennet "um jornalista de enorme talento e integridade", em um comunicado no qual anunciou sua renúncia.
A nota não menciona a polêmica provocada pela coluna, mas o dono do jornal admitiu que "na última semana detectou-se um colapso significativo no processo de edição, e não é o primeiro nos últimos anos".
"James e eu acordamos que seria necessário uma nova equipe para dirigir o departamento através de um período de mudanças."
O jornal nomeou Katie Kingsbury, que está no jornal desde 2017, como encarregada interina de Opinião até depois das eleições presidenciais de novembro.