China tem 57 novos casos de COVID-19, maior número desde abril
Pequim, 14 Jun 2020 (AFP) - A China informou neste domingo (horário local, noite de sábado no Brasil) ter detectado 57 novos casos de coronavírus, o número diário mais alto desde abril, gerando preocupações de uma segunda onda da doença no país.
Segundo a Comissão Nacional de Saúde, 36 desses casos foram contágios domésticos na capital Pequim. Eles teriam começado em um mercado de carnes e vegetais localizado no sul da cidade.
As outras duas infecções domésticas relatadas ocorreram na província de Liaoning, no nordeste do país, e autoridades locais de saúde disseram que eram contatos próximos dos casos de Pequim.
O novo conjunto de infecções domésticas provocou novos confinamentos em 11 bairros próximas ao mercado. Esses casos são os primeiros em Pequim em dois meses.
Um porta-voz da capital, Xu Hejian, afirmou neste domingo à imprensa que Pequim entrava em "um período de exceção".
Um homem de 56 anos, que trabalha como motorista de ônibus no aeroporto e que esteve no mercado de Xinfadi antes de adoecer, está entre os casos relatados neste domingo, segundo o Diário do Povo, o jornal do Partido Comunista.
Uma semana depois, ele teve febre e deu positivo para o novo coronavírus, informou a mesma fonte.
Domingo, nesse imenso mercado, a parte em que a carne é vendida estava fechada.
Jornalistas da AFP viram centenas de policiais civis e militares bloquearem o acesso à área.
As autoridades indicaram que todas as pessoas que trabalham neste mercado ou moram nos bairros vizinhos deverão passar por testes.
E todos aqueles que visitaram esse mercado desde 30 de maio deverão fazer o mesmo.
Em toda a cidade, empresas e comunidades começaram a enviar mensagens para funcionários e residentes, para que informem sobre seus deslocamentos mais recentes.
Neste domingo, um mercado de vegetais perto de Xinfadi permanecia aberto, enquanto caminhões continuavam a entrar e sair.
- Restaurantes e comércios fechados -Um motorista, com máscara cirúrgica abaixo do queixo, explicou que estava levando caixas de cogumelos para supermercados e restaurantes em Pequim.
"Preocupado? Na verdade, não", disse Zhang à AFP.
"Mas, de qualquer forma, não tenho escolha, sou pobre, por isso tenho que continuar trabalhando para viver".
Nas ruas vizinhas, os habitantes estavam enclausurados em suas casas e as lojas e restaurantes estavam fechados.
Um pequeno mercado, ainda aberto, vendia cigarros e bebidas através de grades.
Um residente, Chen, explicou à AFP que fez várias viagens de carro até a entrada deste bairro para entregar suprimentos à sua família.
"Assim que terminar de entregá-los, vou me juntar a eles", disse, porque "depois disso, não poderei mais sair".
A mídia oficial informou que o vírus foi detectado em tábuas usadas para cortar salmão importado.
No processo, as autoridades de saúde ordenaram uma inspeção em toda a cidade de carnes, aves e peixes frescos e congelados, em supermercados, armazéns e serviços de alimentação.
Um comerciante, Sun, que vendia tomates e cerejas no domingo em um mercado local no centro da capital, admitiu ter menos clientes do que o habitual. "As pessoas têm medo", diz.
Nove escolas e jardins de infância próximos ao mercado foram fechados.
Sexta-feira, a prefeita de Pequim adiou o retorno dos alunos às escolas primárias e suspendeu todos os eventos esportivos.
Visitas à capital chinesa por grupos de outras províncias foram suspensas no sábado.
O restante dos casos confirmados anunciados no domingo são de pessoas que retornaram para a China do exterior, de acordo com o ministério da Saúde.
bur-rox/kaf/juf/cr/mr
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