Trudeau denuncia detenção de dois canadenses na China 'com fins políticos'
Ottawa, 22 Jun 2020 (AFP) - O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, denunciou nesta segunda-feira (22) a detenção de dois canadenses por "motivos políticos" na China.
A Suprema Procuradoria chinesa informou na sexta-feira a abertura de um processo contra o ex-diplomata Michael Kovrig e o empresário Michael Spavor, por suspeitas de "espionagem estrangeira" e de "revelar segredos de Estado".
A decisão, 18 meses após a prisão de ambos em meio a uma longa disputa entre os dois países, foi anunciada algumas semanas depois de um juiz canadense decidir pelo prosseguimento do processo de extradição da executiva da Huawei, a chinesa Meng Wanzhou, para os Estados Unidos.
As prisões tensionaram as relações entre Canadá e China.
"Essa detenção arbitrária de cidadãos canadenses é inaceitável e profundamente preocupante, não apenas para os canadenses, mas também para as pessoas de todo o mundo que veem a China usando prisões arbitrárias como um meio para fins políticos", disse Trudeau em sua coletiva de imprensa diária.
"Lamentamos" o que desde o início foi "uma decisão política tomada pelo governo chinês" que continua pressionando o Canadá, acrescentou.
Pequim bloqueou bilhões de dólares em exportações agrícolas canadenses.
Na semana passada, Trudeau disse estar "desapontado" pela acusação formal dos canadenses de espionagem e a vice-primeira-ministra Chrystia Freeland disse que estava "desconsolada e com muita raiva" pela ação de Pequim.
O ex-embaixador na China, Guy Saint-Jacques, havia pedido a Ottawa que adotasse uma postura mais agressiva, e "não apenas suaves negociações diplomáticas".
O chefe da diplomacia americana, Mike Pompeo, exigiu na segunda-feira de manhã a libertação dos dois canadenses e disse em comunicado que seu país "rejeita o uso dessas detenções injustificadas para coagir o Canadá".
Austrália, Grã-Bretanha, França, Alemanha e outros países também pressionaram a China, aliados a quem Trudeau agradeceu por "levantarem a voz" contra o uso de Pequim do que os analistas descreveram como "diplomacia de reféns".
"Nossos aliados em todo o mundo estão extremamente preocupados com a situação dos canadenses porque sabem muito bem que talvez um dia seja a sua vez", disse Trudeau.
Kovrig e Spavor foram detidos em dezembro de 2018, nove dias depois que Meng foi presa no Canadá por ordem dos EUA.
Os Estados Unidos pretendem julgá-la por acusações de fraudes relacionadas a supostas violações da Huawei das sanções ao Irã.
amc/it/mls/gma/jc/mvv
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