Um ano após o 'imbróglio' sobre a Groenlândia, Pompeo aponta a 'nova competição' no Ártico
Copenhaga, 22 Jul 2020 (AFP) - Um ano depois do "imbróglio" da oferta de Donald Trump para comprar a Groenlândia, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Mike Pompeo, viajou para a Dinamarca nesta quarta-feira (22), onde enfatizou "a nova competição" no Ártico, referindo-se aos objetivos das grandes potências nessa região, incluindo a China.
Após uma primeira parada no Reino Unido na terça-feira, onde alertou o mundo sobre a ameaça chinesa, novo grande rival dos EUA, o ex-chefe da CIA e muito próximo de Trump continuou na mesma linha, pedindo aos países que fazem fronteira com o Ártico que defendam os valores de "liberdade, transparência, soberania e estabilidade".
"Essa missão é ainda mais urgente diante da nova competição na região de países que nem sempre ou nunca respeitam as regras", disse em coletiva de imprensa.
A China, que é membro observador do Conselho do Ártico desdde 2013, se considera uma potência "próxima ao Ártico" e quer desenvolver uma "rota da seda polar".
Empresas chinesas estabeleceram o objetivo de construir ou reformar aeroportos, que são essenciais no litoral da Groenlândia. O primeiro-ministro groenlandês, Kim Kielsen, viajou para Pequim para discutir a oferta.
Nesta quarta-feira, depois de sua passagem pelo Reino Unido, Pompeo chegou a Copenhague às 10h locais (5h em Brasília).
De manhã, ele se reuniu com a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, em sua residência oficial em Marienborg, a 1 km de Copenhague.
Ele também se reunirá com o ministro das Relações Exteriores Jeppe Kofod, que também convidou para o encontro as autoridades da Groenlândia e das Ilhas Faroe para essa mesma pasta. Ambos são territórios dinamarqueses.
"Como vamos falar sobre o nosso relacionamento no Ártico, naturalmente meus colegas da Groenlândia e das Ilhas Faroe precisam estar sentados à mesa. Eu atribuo uma importância crucial a isso", disse Kofod.
A Dinamarca, que considera os Estados Unidos como seu "aliado mais próximo", de acordo com o ministro, apoia há 20 anos a relação de Washington, através por exemplo do envio de tropas ao Afeganistão e ao Iraque, ou participando da intervenção militar na Líbia.
- Uma oferta "absurda" -Essas boas relações se viram afetadas em agosto passado por uma oferta inesperada de compra da Groenlândia, um enorme território de mais de dois milhões de quilômetros quadrados no Ártico e uma zona estratégica para um país pequeno como a Dinamarca.
A oferta surpreendeu, porque Washington não estava interessado neste território desde a Guerra Fria, apesar de ter sua base aérea mais ao norte, em Thule, no norte da Groenlândia.
Em comunicado divulgado nesta terça-feira, o Departamento de Estado destacou o papel da Dinamarca e da Groenlândia no Ártico, "especialmente quando estamos vendo uma atividade reforçadas na região por parte da Rússia e da China".
Frederiksen classificou a proposta de Trump de "absurda". O presidente americano acabou tendo de cancelar uma visita a Copenhague prevista para setembro de 2019.
A tensão diminuiu, graças aos contatos por telefone e, em 10 de junho, os Estados Unidos, com a aprovação da Dinamarca, reabriram um consulado em Nuuk, capital da Groenlândia, fechado por 67 anos.
Em abril, o governo da Groenlândia também aceitou US$ 12,1 milhões em ajuda dos EUA para projetos civis.
"O que dissemos no passado e o que fazemos agora são duas coisas diferentes. E o que conta é o que dizemos agora", disse a representante da Groenlândia Steen Lynge à AFP na terça-feira.
Outra questão em disputa é o gasoduto Nord Stream 2 entre a Rússia e a Alemanha, que Washington critica porque pode aumentar a dependência da Europa do gás russo.
Em outubro de 2019, a Dinamarca autorizou a passagem do gasoduto por suas águas, embora uma fonte diplomática tenha dito à AFP que o país tem dificuldades em satisfazer, ao mesmo tempo, seus dois principais aliados, Estados Unidos e Alemanha.
As relações entre as grandes potências também dominaram a visita de Mike Pompeo a Londres na terça-feira.
Pompeo pediu ao mundo que se levante frente à China, depois de se reunir com o governo britânico, com relações tensas com Pequim sobre a situação em Hong Kong e também pela decisão de Londres de excluir equipamentos chineses da Huawei de sua rede de Internet 5G.
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