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Azerbaijão derruba por engano helicóptero militar russo na Armênia

09/11/2020 18h11

Erevan, 9 Nov 2020 (AFP) - As forças azerbaijanas derrubaram por engano hoje um helicóptero militar russo perto de suas fronteiras, mas no território da Armênia, e dois membros da tripulação morreram, anunciaram fontes oficiais na Rússia e no Azerbaijão.

Segundo o ministério da Defesa russo, dois membros da tripulação morreram e uma terceira pessoa ficou ferida e foi evacuada.

"O helicóptero Mi-24 foi alvejado do solo usando um sistema portátil de defesa aérea", informou o ministério em um comunicado.

Pouco depois, o Azerbaijão admitiu sua responsabilidade e pediu "desculpas à Rússia após este incidente trágico, que foi um acidente",

Segundo o Ministério das Relações Exteriores azerbaijano, uma unidade do exército acreditou que se tratava de uma "provocação da parte armênia", em pleno conflito de Nagorno-Karabakh. Também mencionou uma má visibilidade para justificar o acidente, que ocorreu não muito longe da zona de combate.

As forças armadas do Azerbaijão e os separatistas armênios se enfrentam desde o final de setembro pelo controle de Nagorno Karabakh, região separatista apoiada pela Armênia, que escapa ao controle do Azerbaijão desde os anos 1990.

A Rússia, aliada militar da Armênia, também mantém boas relações com o Azerbaijão.

As autoridades russas deram a entender que só intervirão no conflito em Karabakh se ultrapassar os limites do enclave, embora sempre insistam em um cessar-fogo.

A Turquia, a outra potência regional, apoia o Azerbaijão, e foi acusada de enviar mercenários pró-turcos da Síria para lutar com as forças de azerbaijanas.

Apesar da rivalidade, os presidentes russo, Vladimir Putin, e turco, Recep Tayyip Erdogan, mantêm uma relação pragmática sobre Karabakh.

Batalha por Shusha

Antes do incidente do helicóptero russo, a Armênia alegou que os combates continuavam pelo controle da estratégica cidade de Shusha, que o Azerbaijão anunciou ter conquistado no fim de semana.Mas as informações sobre a situação nesta cidade não estão claras.

De acordo com um comunicado divulgado pelo centro de imprensa das forças armênias, "combates intensos" ocorreram nos últimos dois dias na região de Shusha contra as tropas azerbaijanas, que "sofreram perdas consideráveis e se retiraram".

No dia anterior, a Armênia negou que esta cidade estratégica tivesse caído nas mãos do Azerbaijão, garantindo que resistiria "aos golpes do inimigo apesar da grande destruição".

"A batalha por Shushi continua", anunciou o primeiro-ministro armênio Nikol Pashinyan no Facebook nesta segunda-feira, usando o nome armênio da cidade.

Pouco antes, um porta-voz da presidência da autoproclamada república de Nagorno Karabakh havia anunciado no Facebook que Shusha não estava mais sob controle armênio e que "o inimigo está se aproximando de Stepanakert", a capital da região.

Shusha está localizada no topo de uma montanha, que funciona como fortaleza natural, a cerca de 15 quilômetros de Stepanakert, capital de Nagorno Karabakh, e na estrada principal que leva ao território da Armênia.

Além de sua localização estratégica, a cidade é um símbolo para os azerbaijanos, que a consideram um de seus principais centros culturais.

Os armênios consideram-na parte de seu patrimônio, especialmente sua catedral.

Uma derrota militar em Nagorno Karabakh também pode ameaçar o futuro do primeiro-ministro armênio, que assumiu o poder após um levante popular ocorrido em 2018.

Dezessete partidos de oposição pediram a renúncia de Pashinyan e de todo o seu governo nesta segunda-feira, por causa deste conflito.

Desde setembro, os combates nesta região já deixaram quase 1.300 mortos, incluindo 44 soldados separatistas na segunda-feira. Mas é um balanço parcial, já que o Azerbaijão, desde o início do conflito, não anuncia suas perdas militares.

Nesta segunda-feira, as forças separatistas mencionaram os bombardeios do Azerbaijão em várias cidades sob seu controle, incluindo Stepanakert.

O exército do Azerbaijão relatou disparos armênios em vários locais. O Azerbaijão pede uma retirada total das forças armênias para colocar um ponto final à sua ofensiva.