A política repressiva de Erdogan na Turquia desde o fracassado golpe de Estado
Ancara, 26 Nov 2020 (AFP) - Desde a tentativa de golpe de Estado em 2016 contra o presidente Recep Tayyip Erdogan até as mais de 330 sentenças de prisão perpétua declaradas nesta quinta-feira (26), esses são os acontecimentos mais relevantes em mais de quatro anos de tensão na Turquia.
- Golpe de Estado sangrento falido -Na noite de 15 de julho de 2016, uma fração do exército se revolta, apreende aviões de combate e helicópteros e instaura o pânico nas ruas de Ancara e Istambul. Os conspiradores do golpe atacam o Parlamento e o palácio presidencial.
O presidente Recep Tayyip Erdogan, de férias, exorta os turcos a saírem às ruas para resistir a esta "tentativa de golpe de Estado".
Ele denuncia uma "traição" dos soldados golpistas e os vincula ao pregador Fethullah Gülen, que mora nos Estados Unidos há duas décadas. Outrora um aliado e agora seu pior inimigo, Gülen desmente a acusação.
A tentativa de golpe deixa oficialmente 251 mortos, sem contar os golpistas, e mais de 2.000 el feridos.
- Expurgos -Nos dias 16 e 17 de julho, centenas de generais, juízes e promotores são presos por seu suposto apoio ao levante. Os expurgos estendem-se então à polícia, aos professores e à imprensa. Em 20 de julho, Erdogan declarou o estado de emergência.
Os expurgos começam com os supostos apoiadores de Fethullah Gülen, mas depois afetam o movimento pró-curdo, a imprensa crítica e as ONGs, causando preocupação na Europa.
Desde então, dezenas de milhares de pessoas foram presas e mais de 140.000 demitidas ou suspensas de suas funções.
- Erdogan consolida seu poder -Em 24 de junho de 2018, Erdogan ganha confortavelmente a eleição presidencial no primeiro turno.
As eleições marcam a passagem de um sistema parlamentar para um regime presidencial, onde o chefe de Estado concentra o poder executivo, após uma revisão constitucional ocorrida em 2017.
- Revés eleitoral -Em 31 de março de 2019, o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, islamo-conservador) lidera as eleições municipais a nível nacional, mas perde em Ancara e Istambul.
Em Istambul, as eleições são anuladas após apelações do AKP, que alega "irregularidades massivas". A oposição denuncia um "golpe contra as urnas".
Em 23 de junho, o opositor Ekrem Imamoglu vence novamente em Istambul, naquele que foi o pior revés eleitoral para Erdogan desde que seu partido chegou ao poder em 2002.
- Leis controversas -Em junho de 2020, o Parlamento adota um polêmico projeto de lei que fortalece consideravelmente os poderes dos "vigilantes de bairro". A oposição acusa o presidente de querer criar uma "milícia".
Um mês depois, ele aprova um projeto de lei que reforma a estrutura da ordem dos advogados que, segundo os advogados, é uma manobra para reduzir sua independência.
- Basílica transformada em mesquita -Em 10 de julho, Erdogan, buscando consolidar seu eleitorado conservador, anuncia a transformação da antiga catedral Hagia Sophia em uma mesquita, depois que um tribunal revogou o status de museu desse importante ponto turístico de Istambul.
Duas semanas depois, vários milhares de muçulmanos participam da primeira oração.
- Controle nas redes sociais -No dia 1º de outubro, entra em vigor uma lei que fortalece o controle das autoridades sobre as redes sociais. Quase todas as gigantes do setor se recusam a aceitar as medidas, o que pode gerar multas a partir de novembro.
- Julgamento macro -Em 26 de novembro, no final do julgamento principal sobre a tentativa de golpe em 2016, um tribunal condena 337 pessoas - incluindo oficiais e pilotos de aviação - à prisão perpétua.
Ao menos 290 julgamentos relacionados à tentativa de golpe foram concluídos e outros nove estão em andamento.
Os tribunais já condenaram cerca de 4.500 pessoas, das quais quase 3.000 foram sentenciadas à prisão perpétua.
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