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Rússia e Ruanda enviam tropas à República Centro-Africana

21/12/2020 07h10

Bangui, República Centro-Africana, 21 dez 2020 (AFP) - A Rússia enviou "centenas" de soldados à República Centro-Africana, anunciaram nesta segunda-feira as autoridades do país africano, após uma ofensiva de grupos armados, acusados de "tentar um golpe de Estado" a uma semana das eleições presidenciais e legislativas.

Ruanda também enviou tropas ao país, informou o governo centro-africano.

"A Rússia enviou centenas de soldados, como parte de um acordo bilateral de cooperação", declarou à AFP Ange Maxime Kazagui, porta-voz do governo centro-africano. "Os ruandeses também enviaram centenas de homens que já estão no terreno e começaram a combater", completou.

Poucos minutos depois, o Kremlin expressou "séria preocupação" com a crise na República Centro-Africana.

Os guarda-costas do presidente da República Centro-Africana, Faustin Archange Touadera, são funcionários de empresas de segurança russas, que também são responsáveis pelo treinamento das Forças Armadas do país.

O ministério da Defesa de Ruanda confirmou o envio de tropas.

"O governo ruandês mobilizou uma força de proteção na República Centro-Africana. O envio responde aos ataques sofridos pelo contingente das Forças de Defesa do Ruanda (RDF), sob mandato da força de paz da ONU, por parte de rebeldes apoiados por François Bozizé", afirmou o ministério em um comunicado.

Ruanda é um dos principais países participantes na Missão das Nações Unidas na República Centro-Africana (Minusca) desde sua criação em 2014. A missão tem quase 11.500 capacetes azuis.

Na sexta-feira à noite, três grupos armados que estão entre os mais fortes do país e que ocupam mais de dois terços da República Centro-Africana começaram a avançar por várias estradas cruciais para o abastecimento da capital, Bangui, depois que anunciaram uma fusão.

O governo acusou François Bozizé de "tentativa de golpe de Estado", alegando que o ex-presidente tinha a "intenção manifesta de marchar com seus homens sobre Bangui, algo que o partido de Bozizé negou.

Bozizé, que foi o presidente do país entre 2003 e 2013, quando foi derrubado por uma coalizão rebelde que levou o país a uma guerra civil, havia se declarado candidato às eleições presidenciais do próximo domingo - quando também acontecerão eleições legislativas - e virou o principal rival do atual chefe de Estado, favorito nas pesquisas.

Porém, a Corte Constitucional invalidou sua candidatura, alegando que o ex-presidente é objeto de sanções da ONU por seu suposto apoio a grupos armados responsáveis por "crimes de guerra e crimes contra a humanidade".

clt-amt/jvb/zm/fp