Honduras realiza no domingo primárias presidenciais marcadas por denúncias de tráfico de drogas
Honduras escolherá seus candidatos neste domingo para as eleições gerais de 28 de novembro, um processo marcado por denúncias de tráfico de drogas contra o presidente que também atingem outros candidatos.
Pelo Partido Nacional (PN, direita), que levou Juan Orlando Hernández à presidência, disputam a candidatura o prefeito de Tegucigalpa, Nasry Asfura, e o presidente do Congresso Nacional, Mauricio Oliva, em uma briga acirrada, de acordo com pesquisas.
O partido de esquerda Liberdade e Refundação (Libre) tem, por sua vez, como principal candidata Xiomara Castro, esposa do presidente deposto Manuel Zelaya.
Esta semana, durante um julgamento por tráfico de drogas em um tribunal de Nova York, a promotoria considerou o presidente Hernández um "co-conspirador" dentro de um "narco-Estado", por ter colaborado com um suposto traficante, agora preso.
O presidente nega as acusações e as atribui a uma vingança por parte de integrantes dos cartéis que ele combateu e ajudou a extraditar.
Os outros afetados
Além de Hernández, o chefe do cartel hondurenho Los Cachiros, Devis Leonel Rivera, também preso, garantiu no julgamento que pagou propinas ao atual vice-presidente, Ricardo Álvarez, e aos ex-presidentes Manuel Zelaya e Porfirio Lobo. Todos eles negam as acusações.
A candidata Xiomara Castro disse que seu marido, que foi presidente em 2006 e depois destituído em 2009 por um golpe de Estado, permanece "investigado e perseguido por toda uma vida".
O líder do Los Cachiros afirmou que entregou dinheiro a Manuel Zelaya em troca de nomear um primo seu como ministro, o que não aconteceu.
"Agora, depois de 16 anos de privações e limitações em nossa casa, eles falam de um falso suborno por ele se recusar a nomear um ministro. A verdade é conhecida pelo povo e prevalecerá", escreveu Castro no Twitter.
Enquanto isso, o Partido Liberal (PL, direita) apresenta como candidatos o empresário Yani Rosenthal, que em 2017 foi declarado culpado nos Estados Unidos por lavagem de ativos do cartel Los Cachiros, bem como o professor universitário Luis Zelaya e o deputado Darío Banegas.
Pedem suspensão das eleições
Onze outros partidos participarão das eleições gerais, com poucas opções. O partido Salvador de Honduras, que tem o popular apresentador de televisão Salvador Nasralla como único candidato, pode surpreender.
Diante das acusações de tráfico de drogas contra vários políticos, Nasralla pediu a suspensão de todo o processo e a convocação de um governo de transição.
"Tanto excremento respingou que o lógico, neste momento, é parar tudo. Honduras não pode passar por um processo primário nem um processo geral controlado pelo narcotráfico", disse ele em vídeo publicado nas redes sociais.
Nasralla foi o candidato de uma aliança de oposição nas eleições de 2017, quando Hernández foi declarado vencedor em meio a fortes questionamentos e uma grave convulsão social.
O partido de Nasralla ganhava por cinco pontos quando havia cerca de 60% dos votos apurados, mas depois de um apagão no sistema de informática, o resultado virou a favor de Hernández.
Como consequência, protestos com bloqueios de vias estouraram em todo o país por um mês, denunciando a "fraude" e clamando pela vitória de Nasralla.
"O governo assegura todo o apoio aos órgãos eleitorais e garante que o processo se desenvolva em harmonia, paz e tranquilidade", afirmou o presidente Hernández em rede nacional de rádio e televisão.
Cerca de 4,8 milhões de pessoas com mais de 18 anos estão inscritas para essas eleições. Os eleitores devem ir às urnas usando máscara e manter distância devido à covid-19.
De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), a tendência dos resultados começará a ser oficialmente divulgada na terça-feira.
Além do candidato presidencial, nas eleições serão escolhidos três candidatos à vice-presidência, 128 deputados titulares e o mesmo número de suplentes para o Congresso Nacional, 20 deputados do Parlamento Centro-Americano e 298 conselhos municipais.
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