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Exuberante parque Dinder do Sudão perde terreno pouco a pouco

19/04/2021 09h59

Dinder, Sudan, 19 Abr 2021 (AFP) - Delimitado pela fronteira com a Etiópia, o parque nacional Dinder é conhecido por abrigar uma flora e uma fauna incomparáveis no Sudão, mas os guardas-florestais lutam diariamente para protegê-lo de quem deseja se apoderar de suas terras.

Dinder, o maior parque nacional do Sudão, com 10.000 km2, está localizado a 400 km da capital Cartum, entre os campos do Sahel e as florestas do parque nacional Altash da vizinha Etiópia.

A savana e as regiões florestais estão repletas de lagos, constituindo uma rota muito importante para as aves migratórias.

"O parque abriga a fauna mais rica do Sudão", afirma o diretor de desenvolvimento de Dinder, Albadri Alhassan. "Mas o número crescente de violações [das regras] por parte dos humanos ameaça esta biodiversidade", lamenta.

O parque foi declarado reserva natural protegida sob a gestão anglo-egípcia em 1935, quando estava muito pouco povoado.

No entanto, há várias décadas, a população das aldeias de Dinder disparou, desencadeando uma demanda crescente de terras para cultivos.

Seus pastos tradicionais se transformaram em campos, o que chamou a atenção dos fazendeiros para o parque, uma "ameaça imensa para a reserva", afirma Omar Mohamed, chefe do centro de pesquisa sobre a biodiversidade de Dinder. Por causa dessas intrusões, as girafas começaram a desaparecer, diz ele.

- Proteger um parque "imaculado" -Os moradores locais afirmam que fazem todo o possível para respeitar as restrições, mas a falta de terras cultiváveis é um grave problema para eles.

"Praticamos a agricultura tradicional e não deixamos que nossos animais pastem fora da aldeia", afirma Abubakr Ibrahim, agricultor de Mai Carato, uma cidade localizada na margem oeste do rio Rahad, que atravessa o parque.

Segundo ele, algumas normas são "muito rígidas e pouco práticas" e sua aldeia, de cerca de 2.000 habitantes, tem apenas 5 km2 de terras.

"Não é suficiente! A reserva é grande, então nos darem mais espaço não fará mal a ninguém", insiste, indignado.

No entanto, "qualquer expansão prejudicaria significativamente a reserva, desequilibraria sua fauna e reduziria seus recursos", adverte Omar Mohamed. Segundo ele, seria melhor "deslocar essas aldeias para regiões mais conectadas e melhor equipadas".

Apesar de todas essas ameaças, as hienas, os leões e as ginetas ainda são frequentemente vistos à noite, enquanto de dia os visitantes podem admirar os búfalos, as gazelas e as inúmeras aves.

A reserva permanece quase "imaculada e conseguiu manter sua biodiversidade", diz Omar Mohamed. "Tudo o que queremos é mantê-la como está".

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