Espanha acusa Marrocos de 'agressão' e 'chantagem' sobre migrantes
A Espanha endureceu ainda mais o tom contra o Marrocos, nesta quinta-feira (20), país acusado pela ministra espanhola da Defesa, Margarita Robles, de "agressão" e "chantagem" após a chegada de mais de oito mil migrantes ao enclave espanhol de Ceuta desde segunda (17).
"Não é apenas uma agressão às fronteiras espanholas, mas às fronteiras da União Europeia", denunciou a ministra, que acusou o Marrocos de "pôr a vida de menores em risco", deixando-lhes o caminho livre para nadarem até Ceuta.
Entre segunda e terça-feira, mais de oito mil pessoas, jovens marroquinos em sua imensa maioria, chegaram a nado ao enclave norte-africano espanhol de Ceuta. Junto com Melilla, trata-se da única fronteira terrestre entre União Europeia e África.
A crise teve como pano de fundo uma disputa diplomática entre os dois países, pelo mal-estar causado a Marrocos com a decisão espanhola de acolher em um hospital o líder separatista do Saara Ocidental — um território que Marrocos considera seu.
Na quarta-feira, a situação se acalmou, com a mobilização da polícia marroquina, que impediu centenas de jovens de se aproximarem da fronteira.
O ministro Robles criticou a inação inicial do governo marroquino e o fato de ter permitido que muitos menores e até crianças pequenas chegassem à fronteira, de forma irregular.
"Não estamos falando de jovens de 16 e 17 anos, mas que deixaram crianças de 7 ou 8 anos" chegarem à fronteira e cruzá-la do Marrocos, disse a ministro à Rádio Nacional da Espanha.
"Não vamos aceitar nenhum tipo de chantagem. A integridade da Espanha não é negociável, nem está em jogo", acrescentou.