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Cada vez mais perguntas após desabamento na Flórida que deixa 10 mortos e 151 desaparecidos

Parte do prédio que desabou no condomínio Champlain Towers South, em Miami - REUTERS/Marco Bello
Parte do prédio que desabou no condomínio Champlain Towers South, em Miami Imagem: REUTERS/Marco Bello

28/06/2021 17h30

Cinco dias após o desabamento de um prédio perto de Miami, o número de mortos subiu para dez nesta segunda-feira (28), incluindo dois venezuelanos, enquanto a busca desesperada por 151 pessoas ainda desaparecidas continua e as perguntas sobre as causas da tragédia aumentam.

Em meio ao calor tórrido e alta umidade, as equipes de resgate da Flórida, apoiadas por reforços de Israel e do México, continuaram revistando os destroços do prédio de 12 andares que desabou na manhã de quinta-feira em Surfside, a cerca de 20 quilômetros do centro de Miami.

"A busca continua", disse o governador da Flórida, Ron DeSantis, em uma coletiva de imprensa na segunda-feira, embora a chance de encontrar pessoas vivas nas ruínas do complexo Champlain Towers tenha diminuído com o passar das horas.

A prefeita do condado de Miami-Dade, Daniella Levine Cava, relatou que um novo corpo foi recuperado esta manhã, elevando o número de mortos confirmados para dez, com outras 151 pessoas ainda desaparecidas após o desabamento de 55 apartamentos.

Dois cidadãos venezuelanos estão entre os mortos confirmados, informou um representante diplomático venezuelano. Eles são León Oliwkowicz, de 79 anos, e sua esposa, Cristina Elvira, de 74 anos, ambos residentes nos Estados Unidos.

Seus corpos foram encontrados no sábado e no domingo, respectivamente, disse a polícia de Miami-Dade. O casal morava na unidade 704 do prédio, informaram as filhas Daniela e Gabriela em um tuíte.

No total, são 29 latinoamericanos dos quais não há notícias: nove da Argentina, seis da Colômbia, seis do Paraguai, quatro da Venezuela, três do Uruguai e um do Chile.

Cristina Oliwkowicz também tinha nacionalidade uruguaia, mas a chancelaria disse que ela não estava entre as três pessoas daquele país que ainda estão sendo procuradas.

O Canadá também informou que pelo menos quatro de seus cidadãos poderiam estar "afetados".

Entre os desaparecidos latino-americanos, estava Sophia López Moreira, cunhada do presidente do Paraguai, seu marido, Luis Pettengill, e três menores, além de Lady Luna Villalba, que viajou com eles como babá, segundo informações do governo paraguaio.

O advogado chileno Claudio Bonnefoy, parente da ex-presidente chilena Michelle Bachelet, também está entre os procurados. Sua filha, Pascale Bonnefoy, que viajou a Miami para acompanhar de perto os esforços de resgate, destacou o trabalho "implacável" dos socorristas, mas pediu o avanço das investigações.

"Recebemos muita solidariedade e tem sido muito bom, mas acho que o que temos que fazer é investigar as causas", declarou à CNN.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que já declarou estado de emergência que permite ajuda federal, disse que o governo está pronto para "qualquer apoio ou assistência necessária".

Chamadas de um telefone fixo

Localizada em frente ao mar, a torre sul do complexo Champlain Towers desabou por volta da 01h00 (02h00 de Brasília) do dia 24 de junho. O vídeo de vigilância registrou a queda em segundos.

Uma das socorristas, Maggie Castro, do Corpo de Bombeiros de Miami-Dade, disse que "provavelmente as pessoas estavam na cama quando isso aconteceu", então é improvável que você encontre muitas ao mesmo tempo.

"Parece lento, mas estamos avançando o mais rápido possível", assegurou à AFP. "Existem áreas com bolsões de ar em potencial onde podem haver sobreviventes. Se corrermos entre os escombros de forma agressiva, destruiremos esses espaços".

O neto de um casal desaparecido, Arnie e Myriam Notkin, disse que sua família recebeu 16 ligações do telefone fixo de seus avós, embora tenham ouvido apenas ruídos.

"Estamos tentando entender o que está acontecendo", disse Jake Samuelson ao noticiário Local 10, sem saber se as ligações eram de seus avós ou se foram devido a uma falha mecânica. As últimas foram na sexta-feira.

Dois enormes guindastes e cães farejadores apoiaram os esforços de busca e resgate. As equipes cavaram uma enorme trincheira, de 38 por 6 por 12 metros, através da montanha de concreto e ferro retorcidos, disseram as autoridades.

E apontaram que todos os escombros com "valor forense" estavam sendo levados para um grande depósito para ser inspecionado.

"Haverá uma investigação exaustiva e completa dos motivos que levaram a esta tragédia", prometeu Levine Cava.

Um relatório de 2018 sobre o estado do edifício já indicava "danos estruturais significativos", bem como "rachaduras" na garagem do edifício, segundo documentos publicados na sexta-feira.

"A impermeabilização sob a borda da piscina e da via de acesso para veículos (...) ultrapassou sua vida útil e por isso deve ser totalmente removida e substituída", destacou o especialista Frank Morabito, diretor da Morabito Consultores, solicitando reparos "dentro de um prazo razoável", sem apontar para um risco de colapso.

O edifício, construído em 1981, havia programado que os reparos começassem em breve e já tinha dado início às obras da cobertura.

O prefeito de Surfside, Charles Burkett, disse que acomodações estão sendo procuradas para qualquer um que deseje evacuar o prédio quase idêntico da torre a um quarteirão de distância, embora nenhum problema estrutural tenha sido identificado lá.