Justiça espanhola suspende extradição aos EUA de ex-chefe da Inteligência venezuelana
Madri, 22 Out 2021 (AFP) - A Audiência Nacional, jurisdição na Espanha responsável pelas extradições, anunciou nesta sexta-feira (22) que suspendeu a entrega do ex-agente da inteligência venezuelano Hugo "el Pollo" Carvajal aos Estados Unidos.
Ele está na mira dos EUA por supostamente ter participado de atividades de narcotráfico com a ex-guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Sobre um recurso interposto pela defesa de Carvajal, a Audiência Nacional determinou que houve um vício formal em uma ordem judicial anterior do próprio tribunal, razão que a fez "concordar em suspender a materialização da entrega aos Estados Unidos" do general aposentado até corrigir esse erro.
O processo de extradição de Carvajal da Espanha - que passou por vários percalços incluindo a fuga do suspeito, que passou quase dois anos foragido - volta a ficar paralisado, dois dias depois que a Audiência Nacional indicou que seu embarque para os Estados Unidos era iminente.
Na quarta-feira, o tribunal ordenou a entrega "do militar venezuelano Hugo Armando 'el Pollo' Carvajal aos Estados Unidos após finalizada a negação" do asilo que pediu na Espanha.
O tribunal não informou quanto tempo pode levar para corrigir o erro para que o processo volte aos trilhos.
Chefe dos serviços de Inteligência venezuelanos sob a presidência do falecido Hugo Chávez (1999-2013), Carvajal foi preso em setembro em Madri depois de passar quase dois anos foragido para evitar sua extradição.
Para fugir das autoridades, o general aposentado de 61 anos se submeteu a cirurgias estéticas, usava bigode e peruca e mudava de endereço a cada três meses, segundo a polícia espanhola.
Depois de ser uma figura importante no chavismo, Carvajal acabou rejeitado pelo governo de Nicolás Maduro após ter apoiado publicamente o opositor Juan Guaidó em 2019. Ele então partiu de barco para a República Dominicana e depois voou para a Espanha, onde foi preso em abril de 2019 a pedido dos Estados Unidos, que o acusa de ter pertencido ao chamado 'Cartel de los Soles'.
Um tribunal de Nova York acusou Carvajal em 2011 de coordenar o embarque de 5,6 toneladas de cocaína da Venezuela para o México em 2006, que mais tarde chegou aos Estados Unidos. Pode ser condenado a prisão perpétua.
Além disso, Carvajal é chamado a depor em 27 de outubro por um juiz da Audiência Nacional como testemunha para "colaborar" com a justiça espanhola em outros casos relacionados com a Venezuela.
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